São Paulo, quinta-feira, 8 de dezembro de 1994 |
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Novo presidente inaugura a "era dos seminários" Atletismo cerebral substitui exibição muscular da era Collor FERNANDO DE BARROS E SILVA
O sarampo das reuniões acadêmicas já toma conta de intelectuais e agregados que gravitam em torno de FHC. Só na última semana, o presidente eleito foi a três encontros num intervalo de apenas quatro dias. Se a era Collor foi marcada pelo exibicionismo muscular, as demonstrações de força física e a macaquice esportiva, os anos FHC se iniciam sob o signo do atletismo cerebral. A idéia de transformar em rotina de seu governo os encontros acadêmicos já foi transmitida por FHC a assessores. Ele ficou satisfeito com o saldo do seminário "O Brasil e as Tendências Econômicas e Políticas Contemporâneas", que reuniu em Brasília 69 intelectuais, 18 deles estrangeiros. Para os tucanos oriundos da academia, a iniciativa de FHC é um sinal claro de que a racionalidade, o convívio civilizado, o compromisso com o saber e a abertura ao diálogo da melhor qualidade darão o tom do poder nos próximos quatro anos. Para os menos entusiastas, no entanto, a "era dos seminários" anuncia uma espécie de exibicionismo mental, um verniz bacharelesco que atenderia antes aos propósitos de marketing do futuro governo. Seja como for, é certo que o filósofo Friedrich Hegel (1771-1830) e o sociólogo Max Weber (1864-1920), ambos citados por FHC no seminário de Brasília, são desde já dois sérios candidatos para substituir o pão-de-queijo como fonte de inspiração dos chargistas. Para um próximo seminário, FHC pretende contar com o filósofo e jurista italiano Norberto Bobbio, que tem recusado convites internacionais em função dos seus 84 anos. Na campanha eleitoral, entre carreatas e comícios, FHC carregou a tiracolo o último livro de Bobbio. Seu sugestivo título: "Direita e Esquerda". Texto Anterior: PPR quer ampliar poderes do presidente Próximo Texto: Advogados de Collor e PC se aliam na defesa Índice |
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