São Paulo, quinta-feira, 8 de dezembro de 1994
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Aristides acusa Collor e inocenta Claudio Vieira

DENISE MADUEÑO
DANIELA PINHEIRO

DENISE MADUEÑO; DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador-geral da República, Aristides Junqueira, acusou ontem, no julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) o ex-presidente Fernando Collor de ser sustentado por dinheiro de empresas privadas arrecadado pelo empresário Paulo César Farias.
O procurador, porém, reconheceu não ter conseguido provas contra Claudio Vieira, ex-secretário particular de Collor, no crime de corrupção passiva –denúncia que ele próprio apresentou ao STF em 1992.
Com o reconhecimento, Aristides tentava mostrar a correção de seu trabalho, criticado nos últimos dias. Ministros do STF afirmaram, reservadamente, que a denúncia de Aristides contra os acusados do Collorgate era fraca.
"Não interessa ao Ministério Público uma condenação sem provas", disse Aristides. Em seguida afirmou que, "sem dúvida", há provas contra Collor e PC Farias por corrupção passiva.
O procurador levantou a possibilidade de abrir novos processos contra Collor, PC e os outros sete acusados no Collorgate.
"Muitos dos fatos nos autos podem ser objeto de investigação em outras ações penais", afirmou, quando se referia à "Operação Uruguai" (suposto empréstimo usado como justificativa para o recebimento de dinheiro por Collor).
Os advogados de defesa interpretaram a afirmação de Aristides como sinal de que nem mesmo o próprio procurador acredita na condenação do ex-presidente por corrupção passiva.
Na sustentação oral de sua denúncia, o procurador afirmou que Collor só movimentou sua conta no Planalto em 1992, pouco antes de seu afastamento do cargo.
O argumento do recebimento do dinheiro por Collor não constava das alegações finais escritas de Aristides. É nelas que são reforçadas as acusações de uma denúncia.
O procurador-geral classificou PC de "longa manus" de Collor. A expressão em latim significa "mão ampliada", a extensão da mão do ex-presidente. "Paulo César encarnava a figura do Presidente quando chegava nas empresas".
A acusação usou trecho do depoimento do empresário quando afirmou que "tudo que fazia (PC) era em nome do Presidente da República, por ordem dele".

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