São Paulo, quinta-feira, 8 de dezembro de 1994
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Advogado de PC usa tempo na defesa de Collor

MÁRCIA MARQUES
FLÁVIA DE LEON

MÁRCIA MARQUES; FLÁVIA DE LEON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O advogado do empresário Paulo César Farias, Nabor Bulhões, usou o tempo destinado à defesa para tentar inocentar o ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Bulhões gastou uma hora e sete minutos tentando provar que Collor não cometeu o crime de corrupção passiva, que só pode ser cometido por funcionário público.
PC depende da absolvição do ex-presidente neste caso porque o empresário é acusado de co-autoria do crime. Se ficar livre, restam as demais denúncias: falsidade ideológica –em que PC é réu confesso– supressão de documento, coação e suborno.
Com Collor absolvido, a defesa de PC Farias vai tentar levar o restante do processo para a Justiça de primeira instância.
Antes de iniciar a defesa, Bulhões apresentou duas questões preliminares aos ministros do Supremo. Segundo o advogado, duas provas centrais da defesa deveriam ser desconsideradas.
Base da acusação para provar o crime de corrupção passiva, a defesa pediu que fossem desconsideradas uma fita gravada pelo ex- deputado Sebastião Curió e o texto decodificado de computador obtido pela Receita na Verax, empresa de PC.
Curió gravou uma conversa telefônica na qual PC promete dinheiro para sua campanha eleitoral que seria dado pela Mercedes-Benz. Outra gravação é uma conversa entre Curió e o diretor da Mercedes Luiz Adelar Scheuer. Nela, Curió agradece o apoio recebido. O ex-deputado recebeu Cr$ 10 milhões.
O computador da Verax trazia a forma de operação do esquema PC, mas foi apreendido sem que houvesse mandado judicial.
Depois, Bulhões fez a defesa de Collor tendo por base os pontos centrais da acusação feita pelo Ministério Público. Esta também foi a linha utilizada pelo advogado de Collor, Evaristo de Moraes Filho.
Segundo o Ministério Público, o crime de corrupção passiva ficou comprovado com a nomeação de Marcelo Ribeiro para a Secretaria Nacional de Transportes, o pedido à Petrobrás de concessão de crédito especial para a Vasp e o pedido de dinheiro à Mercedes Benz para a campanha eleitoral de 1990.
Os advogados tentaram demonstrar, durante as mais de duas horas de exposição, que a Procuradoria não conseguiu apresentar provas de que houve crime.
A denúncia também afirma que Ribeiro, ex-diretor da empreiteira Tratex, foi nomeado para o cargo no governo Collor por indicação de PC em troca de uma quantia em dinheiro feito pela empreiteira.

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