São Paulo, quinta-feira, 8 de dezembro de 1994 |
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Área cultural resiste a planos de FHC
ELVIS CESAR BONASSA
O debate destinado a discutir a participação do Estado e da iniciativa privada na cultura evidenciou a visão paternalista que a área cultural espera do governo FHC. Francisco Ramalho Jr,. produtor cinematográfico, propôs, por exemplo, que as leis de incentivo à cultura permitam que os patrocinadores abatam integralmente do imposto devido os recursos que destinarem à cultura. Atualmente, esse abatimento é limitado a 70% dos gastos. Se essa idéia fosse adotada, na prática o Estado estaria bancando a totalidade dos gastos em cultura. A iniciativa privada serviria como mera repassadora, já que não arcaria com nenhum gasto. Nenhum dos integrantes da mesa –composta por Jorge da Cunha Lima, Antonio de Franceschi, Yacoff Sarkovas, Marcos Mendonça e Claudio Willer– chegou a considerar os gastos da iniciativa privada como investimento, destinado a dar lucro. Sarkovas e Cunha Lima, que se aproximaram mais da questão, defenderam o marketing cultural, ou seja, investimento em cultura com a contrapartida de retorno publicitário e de imagem institucional das empresas. Ninguém tocou na palavra "lucro". Na manhã de terça-feira, o debate juntou na mesma mesa dois ministeriáveis: Roberto Muylaert, presidente da Fundação Padre Anchieta, e o cientista político Francisco Weffort, filiado ao PT. Muylaert, dado até há poucos dias como nome certo para a pasta, deu sinais de que está interessado em outra área: educação. Ele pode ser deslocado para a montagem de um sistema de educação à distância, através de antenas parabólicas espalhadas pelo país, sem status de ministro. "Eu vou falar do que eu conheço. Em vez de cultura e educação, vou falar de televisão e educação", afirmou Muylaert no início de sua palestra. Weffort, ao contrário, mostrou intimidade com as idéias de FHC para a área cultural. Ele defendeu a idéia de uma fundação de incentivo às artes, que seria gerida por representantes da comunidade para cuidar da distribuição dos recursos públicos ao setor. É uma idéia que faz parte do projeto cultural de FHC, que imagina essa fundação funcionando também como intermediária entre a iniciativa privada e o setor cultural. Texto Anterior: "Louco por Cinema" vence em Brasília Próximo Texto: Jessye Norman faz Salomé arrebatadora Índice |
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