São Paulo, quinta-feira, 8 de dezembro de 1994
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ONU retira soldados da Bósnia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A ONU anunciou ontem que irá retirar 400 soldados bengaleses que fazem parte das forças de paz em Bihac (noroeste da Bósnia). Havia 1.200 soldados bengaleses na região até ontem.
Aumentam assim os rumores de uma retirada total da ONU na Bósnia. O próprio secretário-geral da organização, Boutros Boutros-Ghali, vem afirmando que não há segurança para os soldados. Centenas de soldados da ONU são reféns dos sérvios.
Membros da ONU dizem que a saída de seus soldados pode representar um desastre humanitário e militar para os muçulmanos.
O chanceler britânico, Douglas Hurd, disse ontem esperar que os soldados da ONU permaneçam, mas o Reino Unido já estaria preparando a saída das forças de paz.
O seu colega francês, Alain Juppé, disse ao Parlamento da França que a falta de segurança aos soldados o levou a pedir à ONU e à Otan que façam planos de retirada dos soldados, embora isso traga mais guerra, mais desgraça e sofrimento para o povo.
Fontes aliadas informaram ontem que a Otan deve acelerar a elaboração de um plano de apoio à retirada dos soldados da ONU.
Estima-se que pelo menos 20 mil soldados da Otan teriam que participar da retirada dos 24 mil homens da força de paz da ONU.
Mas o porta-voz da ONU, Jan-Dirk Merveldt, disse ontem que a saída de 400 homens não é uma retirada permanente. Ela se deve a motivos de logística.
A região de Bihac é uma das quais o suprimento de alimentos é problemático. Os sérvios proíbem a passagem dos comboios humanitários e a falta de comida causa lutas entre os próprios muçulmanos (inimigos dos sérvios).
As autoridades sérvias deram ontem permissão para que a ONU enviasse ajuda humanitária ao encrave muçulmano de Bihac. É a primeira permissão em dois meses.
O líder dos sérvios na Bósnia, Radovan Karadzic, disse ontem estar pronto para rediscutir o plano de paz apresentado pelo Grupo de Contato (EUA, Rússia, França, Inglaterra e Alemanha).
O plano prevê que 49% da Bósnia ficaria com os sérvios, que se recusaram a aceitá-lo, uma vez que detêm cerca de 70% do país.
As potências decidiram incluir no plano a possibilidade de os sérvios da Bósnia formarem uma confederação com a vizinha Sérvia -uma antiga reivindicação dos sérvios. Foi isso que levou-os a aceitarem discutir o plano.
O plano de paz não é algo rígido, afirmou ontem o membro dos EUA no Grupo de Contato.
Os muçulmanos, que haviam concordado com o plano, não aceitam a confederação dos sérvios da Bósnia com a Sérvia.

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