São Paulo, quinta-feira, 8 de dezembro de 1994
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Folclore de Edimburgo gerou dr. Jekyll

SILVIO CIOFFI
DO ENVIADO ESPECIAL A SAMOA, HAVAÍ E ESCÓCIA

Stevenson conheceu o sucesso literário aos 30 anos. "Deacon Brodie and the Double Life" ("O Diácono Brodie e a Dupla Personalidade"), de 1880, lhe rendeu também a inimizade eterna de W.E. Henley, co-autor da obra.
Esse romance conta a história de um personagem do folclore de Edimburgo: um diácono piedoso, rico e respeitável que, à noite, se transformava num facínora.
O diácono Brodie é lembrado na taverna que tem seu nome e na casa em que nasceu, em Lawnmarket, no coração da cidade.
Brodie, o personagem do século 18 a que os livros aludem, foi enforcado a poucos metros dali, em frente à catedral de St. Giles.
Henley jamais perdou Stevenson porque a história do diácono inspirou "The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde" (também conhecido como "O Médico e o Monstro"), publicado em 1886.
Dentro da catedral Stevenson também é lembrado numa placa de bronze que o retrata escrevendo recostado numa cama, da maneira que foi fotografado pelo enteado Lloyd Osbourne em Samoa.
A obra é de Augustus St. Gaudens, data de 1887 e tem similar em Londres, na coleção da Galeria Nacional de Retratos.
Mas Edimburgo tem também uma coleção devotada a Stevenson e a dois outros escritores lá nascidos: Walter Scott e Robert Burns.
Fica na casa de Lady Stair's, na mesma Lawnmarket, residência construída no século 17. Os objetos que lembram Stevenson estão numa sala no subsolo.
Logo na entrada painéis mostram fotos de seu pai, Thomas Stevenson, e de sua mãe, Margaret Isabella Balfour, senhora de imagem vitoriana vista em meio a nativos na Polinésia.
Fanny Vandegrift Osbourne, a norte-americana divorciada que Stevenson conheceu na França, em 1876, é outra que aparece em retratos com Lloyd, enteado do escritor e entusiasta da fotografia.
Entre os objetos há o anel de tartaruga com a inscrição "Tusitala" –o contador de histórias venerado como deus–, presente do chefe samoano Tuimalealiifono, que R.L.S. usava quando morreu.
O acervo expõe ainda as botas que calçava na última foto (veja na pág. 6-1), seu cachimbo, a louça de sua casa em Samoa, o mapa da primeira edição de "A Ilha do Tesouro"(1883) desenhado no escritório de engenharia do pai, estatuetas, livros e até um poncheiro de fazer "kava", bebida alucinógena dos samoanos. (Silvio Cioffi)

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