São Paulo, sábado, 10 de dezembro de 1994
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Em filme inédito, Tom fala e canta em defesa da natureza

LUIZ ANTONIO RYFF
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Ainda inédito, o filme "Visão do Paraíso – A Mata Atlântica vista por Tom Jobim"é um dos últimos registros do compositor. São 45 minutos de duração, com Tom fazendo o papel de narrador/apresentador e falando sobre uma das coisas que mais amava, a natureza.
Realizado em 16 mm (película de cinema), o filme está programado para ser exibido no dia 30 de dezembro na TV Bandeirantes, como especial de fim de ano e tem a participação especial do artista plástico Franz Krajberg.
No filme, entre cenas no meio do mato, tom canta algumas músicas – "Samba do Avião", "Águas de Março", "Sabiá" e "Luiza".
Realizado entre julho e outubro desse ano, o filme está em fase de finalização. Foram registradas cerca de 10 horas de filme.
O diretor de "Visão do Paraíso", Flávio Tambellini, está em São Gonçalo, interior da Bahia, produzindo o filme "Genipapo", de Monique Gardenberg. Na terça-feira, ele volta para o Rio de Janeiro para terminar a edição.
"O filme mostra a relação da música do Tom com a Mata Atlântica. E, por ironia do destino, a última filmagem dele foi no Jardim Botânico", conta Tambellini.
Segundo o diretor, Tom já demonstrava sinais de cansaço. "Ele estava muito energético mentalmente, mas debilitado fisicamente".
"Tom já estava meio cansadinho. Não conseguia falar direito. Cansava quando terminava uma frase", conta um dos roteiristas do filme, João Emanuel Carneiro.
"Visões do Paraíso" teve várias locações, entre elas a Mata da Estrela (Rio Grande do Norte) e Fernando de Noronha. Mas Tom participou das fimagens apenas no Rio e em Paraty (Rio de Janeiro).
Com o compositor foram feitas filmagens no Arpoador (zona sul), no sítio do paisagista Bule Marx, em Pedra de Guaratiba (zona oeste).
As lembranças de Tambellini e Carneiro sobre as filmagens se concentram na simplicidade e no bom humor do compositor. "Ele estava sempre brincando. E era de uma grande humildade. Nunca se colocava num pedestal. Tratava todas as pessoas da mesma maneira", diz Tambellini.
"Era emocionante quando o Tom falava da necessidade de replantio. Ele falava que não é possível um país ter um nome de uma madeira que não existe mais", diz Tambellini.
"O Tom tinha uma coleção de apitos que imitam o som de pássaros. Então, lá no jardim Botânico, ele entrou no mato e ficou chamando os passarinhos com esse pio", lembra Carneiro.
O filme é um projeto conjunto com um livro. "Visão do Paraíso", com texto do próprio Tom e fotos da mulher do compositor, Ana Lontra Jobim, que deve ser publicado em maio.

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