São Paulo, sábado, 10 de dezembro de 1994
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Trem de Prata ganha elogios de nostálgicos

FERNANDA GODOY
COORDENADORA DE REPORTAGEM DA SUCURSAL DO RIO

A viagem inaugural do Trem de Prata (Rio-São Paulo), anteontem, agradou ao público nostálgico do trem Santa Cruz, desativado em 91. O trem é o mesmo, só que redecorado e glamourizado.
Minutos após a partida –com três quartos de hora de atraso– da estação Leopoldina (centro do Rio), os passageiros já inauguravam o vagão-bar.
No videolaser, um show de Frank Sinatra completava a atmosfera nostálgica. "Adoro viajar de trem. Parece que a gente está vivendo um filme. A ponte aérea é chata, sem sal", disse o médico Acrisio Scorzelli, 44, que levava o filho Ricardo, 7, para sua primeira viagem de trem.
Como a maioria dos passageiros da viagem de estréia, Acrisio é um veterano do antigo trem Rio-São Paulo. "Agora está todo moderninho, bonitinho, coisa de Primeiro Mundo", disse.
O clima "Primeiro Mundo" é frágil. Uma brevíssima parada na estação Japeri, conexão do Quarto Mundo no subúrbio carioca, foi suficiente para gerar constrangimento. Para proteger os passageiros que jantavam no vagão-restaurante dos olhares curiosos, uma funcionária rapidamente baixou as persianas.
O jantar é servido em dois turnos: das 20h30 às 22h30 e daí até meia-noite e meia. É necessário optar por um dos dois horários já ao fazer o "check-in" na estação.
Comemoração a bordo
As dez horas de viagem foram bem aproveitadas por Euryalo Romero, que celebrou a bordo seus 63 anos. Romero espera que o próximo passo seja a instalação de um trem-bala (de grande velocidade) que possa substituir a ponte aérea. Na volta ao Rio, hoje, ele e a mulher, Maria Laura, comemoram 23 anos de casados.
O convite ao namoro foi o que atraiu a arquiteta Ana Maria Rocha. Ela viajou a São Paulo com o namorado, Gustavo Mota, para ver o último fim-de-semana da Bienal. "É romântico, tem um clima sensual", disse Gustavo.
O casal só reclamou do privilégio dos paulistas: o trem parte às sextas-feiras sempre de São Paulo. "Dessa vez deu para enforcar um dia de trabalho, mas eles levam vantagem", disse Ana.
Em seis meses, com o término da reforma do outro trem, as partidas serão diárias das duas cidades.
Outro casal, Carlos Alberto e Anita Mendes, se deslocou de Cascavel (PR) apenas para fazer a viagem. Ao chegarem à estação Barra Funda (zona oeste de São Paulo), os dois seguiram direto para o aeroporto de Cumbica para pegar o vôo de volta para casa.
Com menos pressa, Naum Zeccre e sua mulher tomavam café-da-manhã no trem após a chegada à estação. O café é servido até as 8h. "A viagem foi boa. Só faltam cabines mais amplas", disse.

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