São Paulo, sábado, 10 de dezembro de 1994
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Sacolejo e comida fria são maiores problemas

DA SUCURSAL DO RIO

O hoteleiro Carlos Borges, um dos concessionários do Trem de Prata, define o estágio inicial da linha, reinaugurada anteontem, como "soft-opening". No jargão da indústria hoteleira, isso quer dizer que tudo está sujeito a ajustes.
O serviço, apesar de gentil, ainda é inseguro. A música-ambiente não encontra o volume nem o tom certos. Tem bons momentos com Frank Sinatra –inclusive no emocionante dueto com Tom Jobim– e Marvin Gaye. Desafina com Kenny G e Barbra Streisand.
A temperatura certa da comida é outro ponto a ser ajustado. Das duas opções de prato principal no primeiro dia –filé-mignon com molho bordelaise e filé de frango com quiche lorraine–, nenhuma veio no ponto certo.
Outros problemas serão mais difíceis de resolver. Como a privatização é mais cosmética do que estrutural, a linha férrea continua em mau estado. A repercussão sobre o bem-estar dos passageiros é óbvia: o trem sacoleja demais.
As cabines, embora redecoradas, continuam pequenas. Uma chuveirada no banheiro das cabines normais é um exercício de contorcionismo. A opção melhor e mais cara (R$ 260,00) é ir para uma suíte.
As suítes (duas por vagão) têm o dobro do espaço (10 metros quadrados), cama de casal –o que poupa a escalada ao beliche– e chuveiro em box separado.
A prometida "pontualidade britânica" também não compareceu à estréia: o Trem de Prata saiu com mais de 40 minutos de atraso. O horário de partida oficial (20h30) foi antecipado cerca de três horas em relação ao que se usava até 91.
Segundo os organizadores, o objetivo é evitar o horário do rush matutino de trens suburbanos na chegada ao Rio ou a São Paulo.

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