São Paulo, sábado, 10 de dezembro de 1994 |
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Uma Erundina de calças
JOSIAS DE SOUZA BRASÍLIA – A possibilidade esboçava-se mesmo antes da eleição. Em meio à desordem da campanha, Fernando Henrique disse que queria petistas em seu governo. Não disse uma nem duas vezes. Falava sempre.Ante os primeiros bafejos da vitória, o assunto cresceu. Mencionaram-se em especial dois nomes: Luiza Erundina e Francisco Weffort. O nome de Weffort veio, já nas primeiras menções, associado à pasta da Cultura. Fernando Henrique logo enxergou no amigo da academia credenciais para o posto. E Weffort, de fato, parece equipado. Confirmado o interesse, uma hipótese nada desprezível, a crise petista passará a ter um novo ingrediente. Radicais e moderados petistas haviam celebrado um consenso. Algo raro. Decidiram-se pela oposição ao novo governo. Mas isso não foi tudo. Os petistas mergulharam, sem escafandro, numa espessa discussão sobre a qualidade do oposicionismo que pretendem encarnar. Moderados pendem para uma linha construtivista. Algo que passe pelo oferecimento de sugestões. Esta hipótese pressupõe a abertura de ramais entre o PT, o Planalto e a Esplanada. Quem sugere admite negociar. Os radicais, ah os radicais! Xingam o novo governo de neoliberal e querem distância de Fernando Henrique. Um eventual convite a Weffort deixará o PT ainda mais embatucado. Algo parecido ao que ocorreu quando Itamar cooptou Luiza Erundina para sua equipe. A diferença está no comportamento de Weffort. Confirmado o convite, ele não parece disposto a submeter-se a um julgamento do partido. Pediria licença ou desfiliação. Para Fernando Henrique, o eventual ingresso de um petista no governo contribuirá para consolidar a impressão de unanimidade, para adensar o cinturão de otimismo que se forma à sua volta. Ainda que o petista seja desfiliado e que a pasta sob seu comando seja vista como periférica. Texto Anterior: "Los dos amigos" Próximo Texto: A vaca sagrada Índice |
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