São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 1994 |
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92,2% dos homicídios do Rio estão impunes
FERNANDO MOLICA
O Iser analisou 500 dos 3.450 inquéritos relativos a homicídios instaurados em delegacias cariocas. Dos 500, apenas 7,8% foram levados à Justiça. A pesquisa, fruto de um convênio com o governo do Estado, foi feita apenas com casos de homicídios dolosos –quando a morte é produzida intencionalmente. Segundo o coordenador de estudos de violência do Iser, o antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares, 40, nos Estados Unidos, o índice de inquéritos que chegam à Justiça é de 85%. Para ele, os números do Rio provam a falência da Polícia Civil, encarregada da investigação dos crimes. Soares ressaltou que a impunidade é ainda maior, já que muitos dos acusados pelos crimes que chegaram à Justiça não chegaram a ser condenados. A maioria –65%– dos casos que chegaram à Justiça refere-se a homicídios classificados como "interpessoais": ocorridos a partir de brigas de casais ou de vizinhos ou mesmo em consequência de discussões no trânsito. Ou seja, são homicídios cometidos por pessoas que não têm ligações com o crime organizado. O quadro dos homicídios cujos autores permaneceram impunes após as investigações policiais é bem diferente. A maior parte das vítimas, 65%, tinha envolvimento com drogas, 14% foram mortas aparentemente por grupos de extermínio, 14%, por conflitos interpessoais, e 10%, por outras causas. Para Soares, a explicação para estas diferenças é simples. "O crime interpessoal é de apuração mais simples, é mais fácil para se obter testemunhas e o policial tem menos chances de ser corrompido". Texto Anterior: Secretária do caso PC Farias vira sindicalista Próximo Texto: Briga funk faz 5 feridos Índice |
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