São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Secretária do caso PC Farias vira sindicalista

Sandra não consegue mais emprego

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A secretária Sandra Fernandes de Oliveira, 44, que denunciou a Operação Uruguai, virou sindicalista. Por R$ 800 mensais, é consultora de marketing do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo.
Desde a denúncia, em 1992, Sandra não conseguiu mais emprego na iniciativa privada.
"Existem empresários honestos, mas emprego, nada", afirma.
À época, ela trabalhava na ASD Empreendimentos e Participações Ltda, de Alcides dos Santos Diniz.
Segundo a denúncia da Procuradoria Geral da República, a Operação Uruguai, montada em São Paulo pela ASD, foi uma tentativa do "staff" do ex-presidente Collor de dar aspecto legal ao dinheiro arrecadado pelo esquema PC.
Sandra ganhou prêmio de cidadania dado pelo PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), mas nunca mais se empregou em grandes empresas. E o livro que conta sua versão sobre o caso vendeu só 5.000 exemplares.
Ela não reclama. Nem se arrepende. "Conheci muita gente e chamei atenção para a profissão de secretária, colaborando para melhorar sua imagem", acredita Sandra. "Mostrei que o sigilo da relação patrão-secretária não significa omissão e cumplicidade com manobras comprometedoras", diz.
Sandra rebate a acusação de "dedo-duro". "Dedo-duro é aquele que participa de alguma coisa e depois muda de lado para obter vantagens. Isso eu não fiz."
Para a secretária, os "mandatários" Fernando Collor, PC Farias e Cláudio Vieira deveriam pegar a "pena máxima de oito anos" no julgamento em Brasília.
Com as secretárias Rosinete Melanias, Marta Vasconcelos e Ana Acioli, é mais suave. Sugere quatro anos de prisão.
Sandra conta que quando trabalhava na ASD recusou convite para dirigir sede da empresa no Uruguai, com alto salário.
Mãe de Lívia, 2, e casada com o bancário Fidelcino de Souza Bonfim, 45, Sandra diz que o sindicato em que trabalha tem 6.000 associadas, de um total estimado de 800 mil no Estado. O sindicato não é filiado a nenhuma central sindical.

Texto Anterior: Absolvição pode causar crise
Próximo Texto: 92,2% dos homicídios do Rio estão impunes
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.