São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 1994
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Mistura de sexo e inocência seduz homens

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Tristeza no mundo das ninfetas e lolitas, mas felicidade no reino dos negócios: três brasileiras –as cantoras Patrícia, 20, e Simony, 18, e a atriz Patrícia Lucchesi, 19– anunciaram que estão virando mulher.
A última a tomar decisão tão drástica foi a cantora Simony, a menina que fez fama e fortuna como líder do grupo Balão Mágico.
Para surpresa dos que só se lembravam dela no colo do rei Roberto Carlos, a ex-parceira dos minicantores Jairzinho Rodrigues e Mike Biggs apareceu esta semana nuinha nas páginas da revista masculina "Playboy".
Há um mês, exatamente, a modelo e atriz Patrícia Lucchesi, aquela que se pensava associada para sempre ao anúncio do "primeiro sutiã a gente nunca esquece", tirou não apenas o porta-seios, mas tudo mais, na mesma "Playboy".
Para completar, meses antes a gravadora Polygram apostava tudo no CD "Ficar Com Você", no qual a cantora Patrícia Marx –conhecida apenas como Patrícia quando era a princezinha do grupo Trem da Alegria– aparece de miniblusa e pose sensual.
"Em geral, essas ninfetas que amadurecem têm dado bons resultados. Acho que isso se explica pela curiosidade masculina pela transformação feminina", diz o jornalista Ricardo Setti, diretor de redação da revista "Playboy".
A edição com Patrícia Lucchesi na capa vendeu em bancas 20% a mais que o número anterior, segundo Setti.
Já a edição que traz Simony chega às bancas com uma tiragem 25% superior à média, em parte por causa da cantora, mas também por ser uma edição de fim-de-ano, diz o diretor de "Playboy".
A volta de ex-ninfetas famosas também é internacional: Setti conta que o próximo número da revista trará na capa uma foto da atriz Drew Barrymore, 19.
Trata-se, para quem não se lembra, da menininha que encantou o "E.T.", depois entrou numa longa viagem de álcool e drogas até, finalmente, conseguir sair da adolescência e voltar a ser atriz.
Em entrevistas à Folha, as três ex-ninfetas brasileiras contaram uma história parecida: fizeram muito sucesso na infância, deram uma parada na adolescência e resolveram "renascer" adultas.
"Tenho 19 anos e continuava sendo associada àquela coisa infantil. Queria dar uma virada na minha carreira, mostrar o meu lado mulher", resume Patrícia Luchesi sobre as fotos que fez.
Shirley Temple
O psicanalista Miguel Chalub, contratado pela Rede Globo para assessorar jovens atores da emissora, acha estranho essa necesssidade das ex-lolitas de romperem com as suas imagens anteriores.
Chalub acredita que a ruptura com o passado, na verdade, revela o medo das meninas de não serem capazes de manter a imagem que as tornaram famosas.
"Elas passavam uma imagem de pureza que, pelo visto, era fabricada. Elas sabem que não têm mais condições de sustentar aquela imagem. Não confiam nos valores internos delas", diz.
Como contra-exemplo, o psicanalista da Globo cita a trajetória de Shirley Temple, ex-atriz mirim, hoje fazendo trabalhos assistenciais pelo mundo.
"A Shirley Temple, aos 70 anos tem a mesma imagem que tinha aos sete", diz.
Em suas palestras aos atores da Globo, Chalub, 55, costuma dizer o seguinte: "Cultuar só a aparência é uma armadilha. É uma coisa perecível que, quando acaba, deixa a atriz (ou ator) em crise".
LEIA MAIS
Sobre as ex-lolitas na pág. 5

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