São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 1994 |
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Menem volta ao peronismo e afasta Cavallo de sua campanha
SÔNIA MOSSRI
Por isso mesmo, Menem não quer a participação ostensiva do ministro da Economia, Domingo Cavallo, na sua campanha presidencial. Menem está repetindo o comportamento da campanha presidencial de 89. Na ocasião, ele também usou a cartilha peronista na busca de votos. Ao mesmo tempo em que precisa de Cavallo como garantia para a comunidade financeira internacional de que não haveria mudanças no plano de estabilização, Menem e a cúpula do Partido Justicialista acham que a presença do ministro em palanques pode afugentar os eleitores. Justiça social, palavra de ordem do presidente Juan Domingo Perón, passou a ser o tema principal da campanha menemista. Criação de novos empregos, construção de 300 mil casas populares por ano, melhoria do sistema de saúde e de seguridade são as promessas de campanha. O plano de conversibilidade, implementado por Cavallo em abril de 91, pôs em prática um receituário oposto ao peronismo tradicional: desarticulação do movimento sindical, privatização de estatais, demissão de funcionários públicos e maior desemprego. Cavallo percebeu a manobra do Partido Justicialista e, há cerca de 15 dias, ameaçou pedir demissão. O resultado foi nervosismo no mercado financeiro e declarações de apoio da Embaixada dos Estados Unidos em Buenos Aires. Menem foi obrigado a dizer publicamente que o ministro Cavallo ficaria com ele até 99. Na prática, existe uma disputa de poder entre Menem e Cavallo. O presidente não gosta da autonomia do ministro da Economia, que, teria um comportamento de primeiro-ministro.(SM Texto Anterior: Partido abriga grupos opostos Próximo Texto: 'Le Monde' faz 50 anos e faz reforma Índice |
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