São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 1994
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Sul-africano enforca mulheres com calcinha

FERNANDO ROSSETTI
DE JOHANNESBURGO

A polícia sul-africana acredita que está próxima da captura de um serial killer que já matou pelo menos 11 mulheres desde julho na região de Johannesburgo e Pretória.
As 11 vítimas eram negras, tinham entre 18 e 32 anos, estavam bem vestidas quando capturadas e, de forma semelhante ao filme O Silêncio dos Inocentes, algumas foram mantidas em cativeiro.
É o primeiro caso do tipo registrado no país e tem sido manchete nos jornais locais desde que a polícia descobriu o sétimo e o oitavo corpos, em 21 de setembro.
Como as seis vítimas anteriores, as mulheres haviam sido enforcadas com a própria calcinha. Foi quando todos as mortes foram relacionados a uma única pessoa.
"Estamos atrás agora de um homem que acreditamos poderá resolver o caso", disse à Folha o comandante da Unidade de Roubos e Homicídios Brixton, coronel Van Dyk Kruger.
Quando assumiu o comando da equipe de seis detetives que cuida do caso, Kruger não tinha nem sequer a identificação de qualquer dos oito corpos encontrados.
Os seis corpos anteriores –o primeiro achado no dia 16 de julho– tiveram de ser exumados.
Outro fator que levou à conclusão de que uma única pessoa havia cometido todos os crimes foi que seis das oito vítimas foram encontradas no mesmo bairro de Cleveland, em Johannesburgo.
Por isso, o assassino está sendo chamado pela imprensa de o "Enforcador de Cleveland".
Mas, à medida que as investigações avançaram, descobriu-se que todas as vítimas haviam sido apanhadas em Pretória (60 km ao norte de Johannesburgo).
Com a identificação dos corpos, obtida com a divulgação de suas fotos, a polícia conseguiu traçar o local onde as mulheres haviam sido apanhadas –algumas por um homem oferecendo emprego e outras por um motorista de táxi.
Descobriu-se também que o assassino ligava para familiares das vítimas após matá-las.
Em outubro, um retrato falado do assassino –negro, de 25 a 30 anos– foi amplamente divulgado no país. "Começamos a trabalhar com mais de cem suspeitos", afirma Jan Combrinck, porta-voz da polícia sul-africana.
O nono corpo, encontrado ainda em setembro, trazia uma mensagem escrita na pele da vítima. Mas o conteúdo não foi divulgado.
"Só o matador sabe o que estava escrito", afirmou Kruger.
Outros dois corpos, ainda não identificados, foram encontrados em outubro, em Pretória, não mais em Cleveland. Ambas também foram estupradas e enforcadas.
Há um mês, a equipe reduziu a lista de suspeitos a cinco pessoas. Desde então, quatro foram presas.
Mas testes de DNA provaram que eles não eram o serial killer –embora um dos homens era procurado por dois estupros.
Agora a polícia está à caça do último nome de sua lista. Suspeita-se que o assassino tenha fugido para um país que faz fronteira com a África do Sul.
"Estamos trabalhando junto com a Interpol. Achamos que até a semana que vem teremos novidades", disse Kruger.

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