São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 1994
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Palestinos criticam o governo de Arafat

Má administração ameaça vencedor do Nobel da Paz

JUAN CARLOS GUMUCIO
DO "EL PAÍS"

O novo porto de Gaza se enferruja como um brinquedo gigante apodrecido e jogado na praia. A estrutura metálica que deveria ter sido símbolo de mudança e progresso para os palestinos e de orgulho pessoal para Iasser Arafat treme dia e noite com a maré.
"Quando Iasser Arafat chegou em julho nos abriu uma janela para o futuro. Fomos felizes por algum tempo", diz o pescador Munir Chaua.
"Mas a única mudança que vimos é que a situação é ainda pior que a que tínhamos durante a ocupação israelense", completa Hassan Qassem, professor que acaba de vender bens da família para comprar um Peugeot branco e viver como taxista.
"Não só estamos mais pobres como vivemos sob o risco de guerra civil. Minha mulher não dorme de medo. Meus filhos vêem na TV como se vive em outros países e querem ir embora. Se possível amanhã mesmo", diz Qassem.
Quase seis meses depois de sua chegada triunfal a Gaza, o líder da OLP e veterano guerrilheiro é um homem acossado pela frustração de seu povo.
Ontem em Oslo, ele recebeu o prêmio nobel da Paz, junto com o premiê israelense, Yitzhak Rabin e o chanceler Shimon Peres (veja abaixo).
Mas o clima nos territórios que administra não é de festa, como ontem em Oslo (Noruega).
"Em vez de se ocupar de coisas concretas e urgentes, Arafat quer fortalecer sua polícia", diz Mahmud Zahar, alto dirigente do Hamas, grupo radical palestino e principal opositor do acordo de paz com Israel.
A situação é resumida em uma frase de Terje Larsen, norueguês coordenador da ONU com a Autoridade Palestina: "A esperança está a ponto de se evaporar das ruas de Gaza".

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