São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 1994
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Club Med descobre o ovo de Colombo

JOÃO BATISTA NATALI
DO ENVIADO ESPECIAL ÀS BAHAMAS

A natureza foi injusta ao concentrar tanto mar limpo e transparente numa única área do Caribe. Mais especificamente nas Bahamas, onde, já do avião, é possível varrer com os olhos o relevo submarino profundo de 40 metros.
Some-se a isso praias desertas, com areias cinematograficamente finas e claras, para se ter uma idéia meio paradisíaca do cenário em que o Club Mediterranée (ou Club Med, para facilitar a pronúncia de alemães e americanos) construiu um dos mais luxuosos de seus 140 villages.
A ilha se chama San Salvador e foi a primeira terra firme aportada por Cristóvão Colombo, em 1492. Para efeitos comerciais, no entanto, ela aceita ser chamada de ilha Columbus.
Foi um local raramente pisado por humanos até meados do século passado. Mesmo assim, eles jamais foram numerosos. São hoje, numa ilha com o tamanho da de São Sebastião, no litoral paulista, exatos 485 habitantes.
É uma presença demográfica insuficiente para lançar esgoto ou praticar a pesca predatória.
Com isso, os peixes têm uma conformação de espécies bem próxima do período pré-colombiano. Nadam, em meio à flora virgem, segundo a pacata rotina de seus lentos ciclos darwinianos.
Gente habituada a mergulhar sem nenhum arpão maldoso afirma que águas tão claras só se encontram, no Pacífico, nas imediações do arquipélago do Taiti.
O mergulho livre é então o lazer recomendado. Dá para rastrear o fundo do mar a 60 ou 80 metros ainda com bastante luz (veja reportagem à pág. 6-3).
Fora da rotina da "plongée" ou do "diving" (o Club Med é bilíngue), há atividades para adultos próprias a um ambiente cinco estrelas. São 130 chalés capacitados a abrigar 502 hóspedes.
O village da ilha Columbus começou a funcionar há dois anos. Custou US$ 75 milhões, dos quais US$ 2 milhões foram investidos em objetos de arte adquiridos na África Ocidental e Tailândia.
O terreno, com praia longa de 700 metros, foi cedido pelas autoridades locais com o compromisso de não autorizarem nos próximos 20 anos a construção de nenhum outro hotel concorrente.
Os blocos de concreto vieram dos Estados Unidos e o madeirame da Ásia. Os três restaurantes servem frutas e carnes que chegam da Flórida, queijos e vinhos da França, Suíça e Alemanha e massas, obviamente, da Itália.
É uma profusão gastronômica que exige alguma atividade para que se perca o excesso de calorias. Há tênis, ginástica, caiaques, bicicletas, windsurfe ou "night club".
Passeios, nem tanto. Há Cockburn Town, aglomerado de casinhas que datam de há 21 anos, quando as Bahamas ainda integravam o império colonial britânico.
Mas se o objetivo for a perda (ou o ganho) de dinheiro, ainda agora em dezembro passa a funcionar um cassino, operado por uma empresa especializada, baseada em Nassau.

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