São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 1994
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Mergulhar é quase uma obrigação no Caribe

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Descer ao fundo do mar com oxigênio transportado em cilindros nas costas pode parecer hobby de adolescente ou excentricidade de adulto que passou dos 40.
Não é. O mergulho é praticado por gente dos 14 aos 70. Dá um pouco de medo no começo. Mas a experiência é agradável, tranquilizante, inesquecível.
Não embarca nas lanchas de mergulho quem quer. É preciso um certo adestramento. No meu caso, duas tardes de curso, uma delas para conhecer os meandros dos 14 quilos de equipamento e uma outra, devidamente paramentado, com alguns exercícios no fundo de uma piscina.
As lanchas saem cedo, antes das 8h30. Fazem duas escalas para fornecerem paisagens variadas. Os mais experientes, brevetados, mergulham sozinhos. Os menos o fazem em grupos, em companhia de um monitor.
O mar vira uma enorme placenta cheia de companheiros estranhos. São peixinhos coloridos como papagaios que se movem às centenas em cardumes. São tartarugas amarronzadas e peixões azulados com listras amarelas.
Eles não sabem que não pertencemos à espécie deles. Por isso, não se incomodam com nossa presença esquisita, nossos movimentos na horizontal, olhos curiosos por detrás da máscara e aquele monte de bolhas expelidas pela válvula do regulador.
Para os não-profissionais do ramo, cada mergulho dura no máximo 40 minutos. O primeiro é mais profundo, a quase 25 metros para os iniciantes. O segundo a não mais que 15.
Os movimentos são lentos e a visão da fauna e das plantinhas muitíssimo fascinante. A luz chega filtrada, meio para o verde-claro, e as imagens amplificadas pelas lentes da água.
Entre os mergulhadores que se limitavam na lancha a protocolares cumprimentos, cria-se lá embaixo uma cumplicidade inédita.
Uma troca frequente de sinais com as mãos expressa uma solidariedade ligeiramente preocupada. Prevalece um bom-caratismo próprio aos que correm algum tipo de risco sem estarem competindo um com o outro.
A natureza é amistosa e é delicioso se tornar um visitante tão docemente abrigado por ela.

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