São Paulo, sexta-feira, 16 de dezembro de 1994
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Multas do cinto só vão ser entregues em janeiro

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

O paulistano só vai sentir melhor o efeito da obrigatoriedade do uso do cinto de segurança na cidade a partir de janeiro, quando começam a chegar as multas aplicadas a partir de 16 de novembro.
Nesse momento deve ter início uma batalha judicial. Juristas contestam a constitucionalidade da lei que instituiu o uso compulsório do cinto, sob a alegação que a legislação sobre trânsito é matéria federal –e não municipal.
A lei, criada pelo vereador Murilo Antunes Alves (PMDB), institui multa de 5 UFM (unidade fiscal do município), hoje equivalentes a R$ 151,35, ao motorista e ao passageiro do banco ao lado que não usarem cinto na cidade.
Também são autuados, com multa do mesmo valor, os motoristas que conduzirem crianças com menos de 10 anos no banco da frente do carro.
Mas essa infração vem sendo cometida de forma quase marginal, segundo os fiscais da CET.
Entre 16 de novembro e 12 de dezembro, a CET multou 11.813 motoristas por andarem sem cinto e 167 por conduzirem crianças no banco dianteiro.
A lei vale para veículos particulares ou de aluguel, incluindo táxis, mas não atinge carros oficiais.
Travamento
Usuários reclamam de desconforto provocado pelo cinto (veja texto ao lado). Uma das causas mais citadas é o frequente travamento do equipamento.
Nas ruas de São Paulo, por causa de buracos e ondulações, o cinto acaba travando mais do que em ruas de cidades bem asfaltadas.
Todo cinto de segurança trava quando o veículo sofre uma desaceleração forte. Alguns cintos travam também quando são puxados com violência.
Um pequeno pêndulo no interior do equipamento aciona o travamento quando o cinto é puxado ou o carro freia bruscamente.
Quando o carro passa por um buraco, por exemplo, o sensível dispositivo que aciona o sistema de travamento pode ser acionado.
O cinto também pode travar enquanto o carro estiver atravessando uma rua de paralelepípedos ou mesmo se o veículo estiver estacionado numa ladeira íngreme.
Por conhecerem as condições das estradas e ruas brasileiras, os fabricantes nacionais procuram fazer cintos com sistemas de travamento um pouco menos sensíveis, diz o engenheiro Nelson Bacchi, da General Motors.
Segundo Bacchi, as normas brasileiras admitem os dois sistemas de cinto, o que trava apenas quando o carro sofre desaceleração (mais comum nos EUA) e o que também trava ao ser puxado (mais comum na Europa).
"Eles são igualmente eficientes", diz o engenheiro
Bacchi afirma que "está provado" que, em caso de acidentes, o que causa o primeiro travamento é a desaceleração e não o contato do corpo com o cinto.
(MSy)

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