São Paulo, sexta-feira, 16 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Meninos do São Paulo têm futebol atrevido

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Foi um espetáculo só comparável às exibições desse mesmo time, praticamente esse mesmo time, na Taça São Paulo de Juniores deste ano. Com uma diferença: daquela vez, perdeu o título; desta, só se um raio cair na cabeça de cada um.
Basta dizer que, depois dos 6 a 1 sobre o Pe¤arol, Telê Santana, nos vestiários, ao ser perguntado sobre quais os jogadores do expressinho que ele poderia promover a titular, foi de cristalina franqueza: "Pode ser até o time todo".
Na verdade, se levarmos em conta que Cafu não deve emplacar 95 no São Paulo, apenas Zetti mereceria integrar o time dos meninos do Muricy. Com um pouco de esforço, Júnior Baiano e Gilmar (ou Júlio César, segundo os sonhos tricolores) podem se acomodar na zaga central.
Pavão já é titular da lateral-direita e Ronaldo Luís já o foi, antes do aparecimento de André. Mona não deve nada a Doriva. Pereira é um segundo volante mais habilidoso do que Axel ou Alemão, enquanto esse menino Denilson é a maior esperança tricolor dos últimos anos. Revela, além de talento, personalidade. E está sendo forjado num torneio internacional, um teste de fogo.
Lá na frente, Caio entrou tantas vezes no time titular que difícil é dizer se ele chega a ser reserva, assim como Juninho. Restam, pois, Catê e Euller. Há alguns dias, escrevi que Catê era melhor do que Euller. Quero fazer uma retificação: Catê é cem milhões de vezes melhor do que Euller. Em velocidade, se equiparam, mas no trato com a bola, nem comparar.
Na noite de quarta-feira, Catê não só marcou três dos seis gols. Esteve também na origem de mais dois, com seus dribles desconcertantes e cruzamentos precisos. Erra? Erra, sim, como todo driblador está fadado a errar, de Garrincha a Edmundo.
Por fim, há o conceito tático de um e de outro times. Os titulares congestionam o meio-campo com volantes pegadores e deixam a criatividade para Sierra ou Palhinha. Já os meninos são mais atrevidos, jogando praticamente com só um volante, dois meias e três atacantes. Mas todos cercam e alguns combatem o adversário, quando perdem a bola. É o bastante.
Assim, o time fica mais ofensivo e o espetáculo mais emocionante. Não é isso que Telê, afinal, quer do futebol?

Zagalo tem dúvidas se escala Marcelinho. Mas quem acompanhou a trajetória desse moço no Corinthians sabe que qualquer time que o tivesse sob inscrição começaria sua escalação com Marcelinho.

Texto Anterior: Neto vai a spa e se submete a lipoaspiração
Próximo Texto: Em campo, final tem sotaque carioca
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.