São Paulo, sexta-feira, 16 de dezembro de 1994
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Em campo, final tem sotaque carioca

MÁRIO MAGALHÃES
EM SÃO PAULO

A decisão do Campeonato Brasileiro, entre os dois clubes paulistas mais populares, tem acentuado sotaque carioca no Pacaembu.
No duelo tático, os estrategistas nasceram na cidade do Rio: os técnicos Wanderley Luxemburgo (Palmeiras) e Jair Pereira (Corinthians).
Ex-jogadores, os dois estrearam na carreira como treinadores do Campo Grande, clube pequeno da zona oeste carioca.
O maior suspense da "final paulista" teve como estrela o palmeirense Edmundo, cuja escalação só foi liberada anteontem por um efeito suspensivo.
No gramado, opõem-se jogadores fundamentais em cada equipe: o palmeirense Zinho e o corintiano Marcelinho. Ambos nasceram no Estado do Rio.
Outra coincidência: ganharam fama no Flamengo, clube que não chegou nem às quartas-de-final do campeonato e hoje acumula dívida de US$ 24 milhões.
Marcelinho e Zinho foram convocados para o jogo da seleção brasileira dia 23, contra a Iugoslávia. O Flamengo só teve um jogador chamado para a partida.
Em contraste com o futebol do Rio, que não classificou nenhum time para as semifinais, os jogadores nascidos no Estado triunfaram nos finalistas do Brasileiro.
Uma das jogadas ofensivas em que Wanderley Luxemburgo mais aposta é feita pela direita, com o lateral Cláudio, cujo passe foi comprado do Flamengo.
O hoje palmeirense Cláudio e o agora corintiano Luisinho são, também, cariocas.
No banco, há outro jogador do Rio –Ricardo Pinto, goleiro reserva de Ronaldo no Corinthians.
Entre cariocas e fluminenses, há no confronto decisivo do campeonato dois técnicos, cinco jogadores titulares e um reserva.
Não custou muito a contratação de cariocas para a formação dos supertimes paulistas.
O passe de Zinho foi vendido por US$ 800 mil. O de Marcelinho, por US$ 500 mil. O de Cláudio, titular do Palmeiras, foi comprado por US$ 50 mil.
Os cariocas "exilados" em São Paulo não querem voltar ao cotidiano de salários atrasados, clubes endividados e Campeonato Estadual esvaziado.
Um ausente da final, o "carioca de coração" Júnior Baiano, zagueiro do São Paulo, costuma visitar seus ex-companheiros no Flamengo, clube que o revelou."Sabem quando vocês vão receber em dia? Nunca", provoca-os.
Sem seus melhores jogadores, os cariocas esperavam que a final, devido à interdição parcial do Morumbi, fosse jogada no Maracanã.
Frustraram-se. Como consolo, vêem pela TV jogadores do Rio como protagonistas da decisão.

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