São Paulo, sexta-feira, 16 de dezembro de 1994 |
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Como Edmundo, também somos nós todos uns animais
LUIZ PAULO BARAVELLI
Eu disse bolinhas? Pois com a isenção que tão bem caracteriza os artistas e intelectuais de esquerda (bem, centro-esquerda), sempre me imagino pairando olímpico sobre aquele gramado, gélido e indiferente. Uma espécie de Ademir da Guia celeste contemplando a azáfama miúda daqueles pequenos seres ansiosos. Quem me vê, cético frente à TV, de short e sandália havaiana, tomando um copo de leite gelado, vai achar que nem mesmo um carrinho por trás na entrada da área pode me trazer para o mundo das emoções. Mas a genética me trai. Com quatro avós italianos, as bolinhas do DNA falam por mim. E, de dentro do Ademir da Guia, salta um Tonhão disposto a dividir todas, dar de bico para fora, usar a cabeça como um terceiro pé. Embora o copo de leite não trema na minha mão, eu, em completo silêncio, berro, xingo, torço como um condenado. E quero que os adversários (como se chama aquele timinho?) mordam o pó da derrota. Pois, como ensinou o sábio Edmundo, atrás da fachada ofegante e suarenta, somos todos uns animais. Dá-lhe porco! Texto Anterior: Controle é feito por 70 técnicos Próximo Texto: A perfeição está eternamente dentro dos nossos corações Índice |
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