São Paulo, sábado, 17 de dezembro de 1994
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Eucalipto não é floresta

ALEXANDRE PEREGO

O Brasil, por meio de setores organizados da economia, conseguiu promover o desenvolvimento de uma indústria florestal vencendo o desafio de não gerar problemas ambientais, fato que muitos países não souberam enfrentar. Hoje, graças a essa política, conseguimos promover uma gestão ambiental semelhante à que a ISO 9.000 representa em relação à qualidade. Porém, por desconhecimento ou interesses, muitas vezes se confunde plantações de eucalipto e pinus com florestas.
Floresta é obra da natureza. Tem grande diversidade biológica; é responsável pela manutenção e ampliação da herança biológica do planeta; é um estoque permanente de alimentos e produtos medicinais.
Os plantios de eucalipto, pinus e outras madeiras não têm essa responsabilidade. Eles têm objetivos específicos, bem definidos: fornecem matéria-prima para a produção de papel, energia, móveis, postes, tábuas etc.
A origem dessa distorção é que, no passado, deu-se o nome de reflorestamento aos plantios de eucaliptos e pinus, com o propósito de conquistar a sociedade para o programa de incentivos fiscais, que alavancou a indústria de celulose e papel.
Seu alcance econômico, social e ambiental foi imenso e garantiu para o setor uma posição de destaque no mundo. Possibilitou, inclusive, a criação e desenvolvimento de tecnologias de cultivo reconhecidas e praticadas em várias partes do planeta.
Países como o Chile e a Nova Zelândia estão utilizando suas bases florestais como um dos mais importantes alicerces de suas economias. E com extremo sucesso. O Brasil, por suas condições favoráveis de clima e solo, também pode obter grande volume de divisas com suas bases florestais sólidas e com grandes vantagens comparativas. Não se trata de um prognóstico mas, ao contrário, de uma constatação: hoje abastecemos boa parte das necessidades mundiais de celulose, papel e chapas de fibra de madeira, fornecendo pouco mais de US$ 1,5 bilhão/ano a vários e exigentes mercados.
Para enfrentar as imensas vantagens comparativas brasileiras, alguns países de economia desenvolvida tentaram criar obstáculos à importação de produtos originários da madeira, como se as árvores utilizadas viessem de florestas nativas e não de plantios cuidadosamente realizados, com as necessárias preocupações ambientais.
Saímos mais uma vez na frente. Compete-nos, agora, estimular a expansão da base florestal brasileira e maximizar o aproveitamento de nossas reconhecidas vantagens comparativas, suprindo as necessidades mundiais crescentes de celulose, papel e outros produtos elaborados a partir da madeira.

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