São Paulo, sábado, 17 de dezembro de 1994
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'Planeta fashion' repete seus códigos em NY

LYNN YAEGER
DO "THE VILLAGE VOICE"

É pra valer: câmeras de TV, top models, roupas caras, todos os grandes nomes da moda na cidade, e montes de saborosos sotaques estrangeiros convergindo para o mesmo local.
Tudo o que vi me impressionou: os brindes que o Conselho de Estilistas Americanos distribuiu (camisetas, perfumes, um relógio Timex Indigo!), as revistas de moda grátis e até as garrafas complementares de água Evian.
PRADA
Finalmente são 14h e estamos dentro das tendas para ver Prada, uma marca que, por alguma razão, inspira uma devoção irracional. Todos usam suas bolsas de náilon ridiculamente caras os pequenos triângulos de identificação. O planeta fashion está aqui, vestido em preto, e, se eles não usam Prada é só porque eles possuem Chanel.
Os modelos na passarela incluem saias na altura dos joelhos (na verdade, muita gente diz que Calvin Klein roubou o "novo comprimento" de Prada desde o início), em penteados desgrenhados e engraçados, saltos altos e vários looks de roupas íntimas.
Então é esse o emprego que todas as garotas dos Estados Unidos desejam? Indo e vindo em uma plataforma, famintas e aterrorizadas, diante de mil estrangeiros aparvalhados e com as calcinhas à mostra? Olhamos à volta para ver quem já usa os novos relógios.
DKNY
Segurança muito rígida, verificação rigorosa dos ingressos. Parece mais com o clima de um show de rock, talvez porque já esteja escuro lá fora. Estamos tão animados com o coral de gospel que abre o desfile que nos desmanchamos em lágrimas e não conseguimos ver as modelos. Todo mundo está gritando. Finalmente conseguimos distinguir o comprimento pelo joelho, padrões de flores, vestidos de rayon clássicos da década de 40.
ISAAC MIZRAHI
Um milagre conseguir entrar. Estou no alto da sala de espera com um grupo de histéricos estudantes de moda da Parsons, olhando para baixo para a multidão reunida: celebridades, compradores e centenas de fotógrafos. Meus colegas da escola de moda conhecem todo mundo. Antes que eu possa registrar os vestidos estampados na passarela, meus amigos sussurram: "Veja, é Lily Pulitzer!". Chove lá fora mas está gostoso aqui dentro. É divertido estar em uma tenda quando chove.
BETSEY JOHNSON
Uma platéia jovem e esquisita, música ensurdecedora, "Panty Power" (O Poder das Calcinhas) impresso nas camisetas da equipe e nos cartões indicando os lugares. As modelos entram em uma variedade maior de tamanhos (grandes coxas!). A-do-rei. Se eu decidir que preciso de uma saia de plástico pink –não preciso, mas vamos fazer de conta que sim– eu a comprarei de Betsey, e não na loja de Mizrahi na Bergdorf Goodman.
TODD OLDHAM
Incrível, insano, um choque. A platéia jovem grita para as modelos com a intensidade do filme "O Dia do Gafanhoto". "Naomi!" Ela usa um sutiã transparente e a multidão ruge como leões quando recebem carne fresca.
GHOST
O primeiro desfile do dia e sinto a mesma onda de excitação. Devido, em parte, provavelmente, ao caffé latte que a "Vogue" distribuiu. Quando saio, o cara na porta diz: "Oh, Village Voice, Village Voice! Você gostou?" Repeti o que ouvi as editoras de moda experientes dizer uma para a outra a semana toda: "Havia algumas coisas interessantes".
DONNA KARAN
O último desfile. Estou exausta. Em alguns minutos vamos aplaudir Carré Otis e pasmar diante de Nadja, mas neste instante saboreio meu champanhe. Alguém toca meu copo, olhando gentilmente para mim. "Você gostou dos desfiles, querida? Você se divertiu?"
Tradução de Gladys Wiezel

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