São Paulo, sábado, 17 de dezembro de 1994
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Novena de Natal

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Multiplicam-se, nestes dias, os grupos de famílias que se reúnem para rezar em preparação ao Natal. À luz da palavra de Deus, milhares de pequenos grupos procuram refletir sobre o sentido profundo do nascimento de Jesus Cristo e sua aplicação para as situações concretas de hoje. Dois temas inspiram as novenas de Natal: a família e "os excluídos".
O Ano Internacional e a Campanha da Fraternidade sobre a Família ofereceram a oportunidade das comunidades cristãs perceberem melhor o dever de reforçar sempre mais o vínculo conjugal e familiar, com especial atenção aos casais jovens. Procuremos intensificar os laços de união no próprio lar e o empenho em auxiliar as demais famílias para que cresçam na compreensão, na fidelidade e reconciliação.
A Campanha Quaresmal para 1995 lança o tema da fraternidade e os excluídos. Temos, sem dúvida, presente o esforço da "Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria em Favor da Vida", lembrando a todos a situação de extrema pobreza em que vive grande parte da população brasileira. Em torno do presépio e diante de Cristo que nasce pobre, vamos assumir o compromisso de promover condições dignas de vida para todos.
Entre os que requerem atenção urgente estão os presidiários e as vítimas de Aids. Estes irmãos, por razões diferentes, precisam de medidas efetivas e imediatas. Eis aí um desafio para as comunidades e a oportunidade de colaboração entre as instâncias governamentais e a sociedade organizadas.
A novena do Natal, na perspectiva da fé, convida-nos ainda a examinar a consciência diante dos deveres básicos da vida cristã: a oração e o aprofundamento da palavra de Deus, a participação litúrgica, a fidelidade aos preceitos da moral pessoal e familiar, dando prioridade ao amor fraterno aos mais necessitados. Jesus veio trazer a paz à humanidade, ensinando-nos pelo amor a vencer as injustiças e a violência, transformando a sociedade para que seja fraterna.
Este final de ano nos leva, também, a refletir diante de Deus sobre a consciência e o exercício da cidadania. O cristão não pode deixar de contribuir para o bem comum. Cabe, aqui, o discernimento para percebermos valores alcançados nos últimos anos, com a obrigação de promovê-los ainda mais.
Apesar das dificuldades enfrentadas, reconheçamos na luta contra a corrupção e a violência, o controle da inflação e defesa do consumo popular. O período do presidente Itamar mostrou os efeitos positivos da parceria entre a sociedade organizada e as instâncias governamentais, especialmente no Consea, no Conanda e outros conselhos. Pertence ainda à herança deste período o mérito de ter, conforme a Constituição, concedido prioridade à infância e adolescência.
Devemos, agora, oferecer a nossa contribuição e alimentar a esperança de que o novo governo leve adiante os esforços começados em bem da educação e saúde, a garantia dos direitos das populações indígenas e o acesso à terra.
Natal de Cristo vem chegando. Cresceu, em alguns lares, o costume de presentear os amigos com belas cestas de vinhos e comidas finas. É tempo de solidariedade. Preparemos, com amor, muitas cestas de alimentos para os excluídos e as famílias necessitadas. Natal cristão é Natal sem fome. Se fizermos assim, haverá muita alegria. Será, enfim, o Natal de um Brasil diferente.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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