São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 1994 |
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Argentina investiga prostitutas brasileiras
SÔNIA MOSSRI
Oficialmente, a PF não comenta o assunto. Reservadamente, alega que existiria uma suposta campanha para legalizar a prostituição em Buenos Aires, ao lado da pressão de empresários e políticos para que a capital também tivesse cassinos –hoje proibidos legalmente. As brasileiras não dão trabalho à PF. A maior parte, segundo os agentes, são "gatas" –prostitutas que frequentam ambientes sofisticados, têm automóvel e dificilmente seriam apontadas como "mulheres de programa". As brasileiras até agora não estiveram envolvidas com drogas ou roubos. Poucas frequentam a região do Abasto –bairro que, à noite, transforma-se numa espécie de Bronx da capital portenha. No Abasto, uma noite, de 22h a 8h, custa cerca de US$ 100,00. Para as brasileiras que frequentam a Recoleta –um dos bairros nobres de Buenos Aires–, isso não sairia por menos de US$ 600,00. Até agora, o Consulado Brasileiro em Buenos Aires não dá atenção às prostitutas. Age da mesma forma com os mais de 50 mil brasileiros que trabalham ilegalmente na Argentina. A PF argentina está preocupada com a falta de registro de entrada de brasileiros no país. Brasileiros não precisam de passaporte para entrar na Argentina. Basta a apresentação da carteira de identidade. Independência Luma (nome fictício), 24, já se prostituía no Rio. Morena, 1,70, fazia sucesso com os argentinos. Há seis meses, por conta própria, mudou-se para Buenos Aires. Não aceitou o esquema oferecido por uma amiga brasileira, também prostituta, que trabalha mediante uma agência ("El Mejor"- o melhor). Luma não queria continuar com o sistema de comissões. Com uma economia de US$ 5.000, alugou um apartamento de quarto e sala no bairro de Flores, de classe média baixa. Segundo ela, logo recuperou o investimento. Três meses depois, já estava morando na Recoleta, num pequeno apartamento de dois quartos. Segundo ela, "muitos políticos argentinos" são seus clientes. Luma afirma que tem uma renda de US$ 5.000 por mês, descontadas as despesas. A cada três meses, se submete a um teste de Aids. Muitas vezes ela não resiste aos apelos dos clientes que pagam mais "por uma transa sem camisinha". Próximo Texto: Prostituta é acusada de transmitir Aids Índice |
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