São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 1994
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Aprenda a lidar com a imprensa

DA REPORTAGEM LOCAL

Jornalista tem fama de chato. Perguntador de plantão, não mede esforços para conseguir a informação que acredita ser de interesse jornalístico. Entrevistados nem sempre sabem lidar com esse assédio –e, às vezes, despreparados, se dão mal.
Para evitar situações constrangedoras, a jornalista Vera Dias, 37, acaba de lançar no Rio o livro "Como Virar Notícia - E Não se Arrepender no Dia Seguinte" (editora Objetiva).
Trata-se de um guia para aqueles que são alvo de interesse jornalístico: empresários, executivos, líderes comunitários e artistas.
"Essas pessoas precisam estabelecer um canal permanente com jornalistas", diz Vera. "Isso não quer dizer que podem transformar o jornalista num confidente. Nem que devem se despreocupar com a repercussão daquilo que está tornando público."
Sócia há sete anos da assessoria de imprensa Up to Date, a autora também organiza no Rio seminários para preparar alvos jornalísticos a enfrentar bloquinhos, gravadores, microfones e câmeras.
Durante esses eventos, recebem noções de como é a rotina de trabalho em redações de jornal, revista e televisão, e debatem com profissionais da área.
Relações com a imprensa também é assunto na NVL Comunicação, do jornalista Nelson Lemos. Só este ano, ele ensinou técnicas de como conduzir uma entrevista a 400 homens de negócios. Outros 300 participaram de palestras da WN&F, em São Paulo.
Multinacionais
Nos últimos cinco anos, várias organizações –principalmente multinacionais– perceberam que é inútil se esconder da opinião pública –até porque a omissão pode abalar a imagem da empresa.
A Rhodia do Brasil manteve um perfil de absoluta discrição até 1982. Desde então, investiu em treinamento para tornar seus altos escalões mais abertos à imprensa.
"Naquela época, os executivos achavam que as reportagens publicadas nos jornais eram pagas", diz Walter Nori, 50, que foi assessor de imprensa da Rhodia e hoje é sócio da WN&F.
Dois anos depois, a empresa editou mil exemplares de seu plano de comunicação. Essa notícia se espalhou entre outras empresas. Resultado: mais 3.000 cópias foram impressas para atender a solicitação de "concorrentes" interessados em copiar o plano.

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