São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 1994
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Final no Pacaembu recupera a tradição

RODRIGO LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando Palmeiras e Corinthians entrarem em campo no estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, hoje, às 17h, vão reviver uma tradição esquecida há exatos 40 anos: uma final entre os dois maiores clubes paulistas no mais tradicional estádio da cidade.
Na última vez que isso aconteceu, em 1954, o Corinthians arrancou um empate por 1 a 1 e se tornou o campeão do 4º Centenário da fundação de São Paulo.
Os dois finalistas de 1994 jogaram pela primeira vez no Pacaembu no dia 29 de abril de 1940. Para a festa de inauguração, foram convidados o Corinthians, o Palmeiras, o Coritiba e o Atlético-MG.
O Palmeiras bateu o Coritiba de virada, por 6 a 2, e o Corinthians venceu o Atlético, por 4 a 2.
O ingresso para os jogos de futebol custava entre 2.000 e 20 mil réis –o preço médio subiu 41,25 sextilhões de vezes em 54 anos.
Na época, a "Folha da Manhã" considerou o estádio "uma obra que obedeceu aos mais modernos e aperfeiçoados requisitos da técnica de tais construções, dotada dos meios e locais para a disputa de todos os esportes entre nós".
Para o ex-ponta-direita Cláudio Cristóvão do Pinho, 72, o estádio do Pacaembu é "muito agradável" para jogar futebol. "Eu não cheguei a jogar no Morumbi, mas sei que para o público o Pacaembu é muito melhor."
Ele acha, porém, que a proximidade do público pode atrapalhar. "Fica mais fácil uma agressão."
Cláudio é considerado um marco histórico tanto para corintianos como para palmeirenses. Ele foi titular do Corinthians por 13 anos seguidos, entre 45 e 57, e foi o maior goleador da história do clube (marcou 295).
Foi também o primeiro a marcar um gol pelo time do Palmeiras, em 1942, após o time deixar o nome Palestra Itália.
Cláudio não sabe quantos gols fez no Pacaembu. Para ele, entretanto, "o que importa são as lembranças que o local traz a você. Certa vez fui ao Pacaembu, em 76, assistir Corinthians x Ferroviária, e não senti nada especial. Mas às vezes sentir o cheiro da grama, da bola, traz as lembranças daquela época", diz.
Foi no Pacaembu que Cláudio ganhou três vezes o Paulista pelo Corinthians e uma pelo Palmeiras.
O jogo de hoje também desperta nostalgia no ex-jogador e técnico Dino Sani, 62. Entretanto, Sani considera arriscado que o Pacaembu abrigue a final. "Este é um jogo para 120 mil pessoas", diz.
Sani calcula que marcou cerca de 200 gols no Pacaembu. Ele foi campeão no Pacaembu em 1950, pelo Palmeiras.

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