São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 1994
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A construção de um novo país

DOLZONAN DA CUNHA MATTOS

O ano que termina foi extremamente positivo para a construção civil. Em decorrência dos excelentes resultados –em todos os sentidos– acumulados no decorrer do exercício, não será surpresa se ocorrer um novo e significativo salto na produção de imóveis em 1995.
Em geral, as construtoras conseguiram notáveis progressos na melhoria da eficiência global, que se refletiu na saudável recuperação das margens de rentabilidade, aumento da competitividade e, principalmente, maior capacitação tecnológica. Tudo em benefício, logicamente, da qualidade e produtividade. O processo de construção finalmente está deixando de ser artesanal para ingressar na era da industrialização em todas as etapas.
Com isso, o setor já acumula forças suficientes para repetir o excelente desempenho obtido em 1994 e, mais do que isso, transformar-se num dos principais pilares da expansão econômica do país. Na verdade, a construção está preparada para contribuir, decididamente, com o relançamento de um novo ciclo de desenvolvimento nacional sustentável. A depender da adoção de algumas simples medidas de ajuste, o setor deverá pavimentar o caminho do novo "boom" de crescimento que se desenha no horizonte de curto e médio prazos.
Como o papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deverá ser reforçado na próxima gestão, segundo indica o programa do futuro governo, em conjunto com a recente criação das companhias hipotecárias, é de se esperar, portanto, que um antigo sonho da construção –os financiamentos de longo prazo para novos empreendimentos– torne-se realidade.
A oferta de recursos de longa maturação é indispensável para alavancar ainda mais os planos de investimentos do segmento.
Desde o desmonte do BNH e da sensível diminuição das linhas de crédito do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos, a quase totalidade da produção de imóveis vem sendo bancada com recursos próprios das empresas, sendo este um dos principais fatores limitadores da construção, incompatível com a nova orientação governamental de se resgatar a dívida social mediante o equacionamento do déficit habitacional do país.
Outra providência que viria em boa hora, no contexto das reformas fiscal, tributária e da Previdência, é a desoneração dos impostos e encargos trabalhistas que causam forte impacto sobre as empresas intensivas na contratação de mão-de-obra, caso da construção civil. A mesma diferenciação poderia ser adotada nos casos das empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia aplicada à melhoria dos processos construtivos.
As empresas do setor, por força das novas exigências do mercado, foram obrigadas a aplicar um choque de eficiência, reduzindo o desperdício e ampliando a competitividade geral. Agora, mais fortes e bem administradas, estão em condições de contribuir com o desenvolvimento nacional e ocupar um papel mais relevante no novo cenário de crescimento continuado que se prenuncia a partir do próximo ano.
É encorajador verificar que o astral para 1995 nunca esteve tão em alta como agora, nos diversos segmentos da sociedade, em absoluto contraste com o estado de espírito que prevaleceu durante a chamada década perdida. É justamente o que faltava para a construção de um novo país.

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