São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Filme traz nova versão para Lockerbie
ROGÉRIO SIMÕES
Segundo o resultado final das investigações, anunciado em 1991, dois líbios, Abdel Baset al Megrahi e Al Amim Khalifa Fhimah, executaram o atentado ao vôo 103, que matou 270 pessoas. The Maltese Double Cross (A Dupla Cruz Maltesa) defende a tese de que a Líbia serviu de bode expiatório para as potências do Ocidente, que poderiam inclusive ter evitado a tragédia. O filme é dirigido e produzido por Allan Francovich. Muitos familiares das vítimas, como Jim Swire, pai de Flora, 23, e John Mosey, pai de Helga, 19, acreditam que, se o filme não traz todas as respostas, pelo menos mostra que a versão divulgada oficialmente não é a verdadeira. The Maltese Double Cross, cuja exibição no Reino Unido foi cancelada por problemas legais, afirma que os verdadeiros autores do atentado seriam ligados aos governos do Irã e da Síria. Os dois países teriam sido poupados pelo ocidente para que fossem facilitadas as libertações de reféns ocidentais no Líbano e para que a Síria ficasse ao lado da coalizão formada na Guerra do Golfo. O filme afirma que, desde a explosão do avião, que ia de Frankfurt (Alemanha) para Nova York (EUA), no dia 21 de dezembro, policiais e agentes norte-americanos fizeram de tudo para esconder provas e manipular informações colhidas em Lockerbie. Mostra ainda entrevistas de muitos dos envolvidos na investigação e de voluntários que dizem ter presenciado cenas de manipulação de provas na retirada dos destroços do avião. Entre os depoimentos, está o de David Yallop, que afirma ter avisado autoridades ocidentais sobre a possibilidade de um grande atentado depois de receber informações no Oriente Médio. Yallop é autor, entre outros livros, de Até o Fim do Mundo, biografia do terrorista Carlos, o Chacal, preso desde meados de agosto na França. A bomba que destruiu o avião da Pan Am, de acordo com o filme, foi colocada a bordo dentro de um rádio Toshiba. O aparelho estaria na mala de Khalid Jaafar, um libanês que, morando nos Estados Unidos, atuaria como traficante de drogas a serviço da CIA. Por seu papel na central de inteligência norte-americana, a mala de Jaafar não teria sido revistada. O libanês nada saberia sobre a bomba, colocada em Frankfurt por terroristas da PFLC-GC (Frente Popular de Libertação da Palestina - Comando Geral). A operação dos Estados Unidos envolvendo o tráfico teria como objetivo penetrar nos cartéis de drogas do Oriente Médio. The Maltese Double Cross foi apresentado a membros do Parlamento britânico há duas semanas. Depois da exibição, Jim Swire fez um pedido para que os parlamentares lutem pela criação de uma comissão internacional para investigar novamente o caso. Texto Anterior: UCR cresce e altera a campanha eleitoral Próximo Texto: Pai de vítima quer nova investigação Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |