São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 1994
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MIL E UMA MORAES

SÉRGIO DÁVILA
FOTOS CRIS BIERRENBACH

Anna Karina, mulher de Jean-Luc Godard, está à porta. Depois da morte de seu marido, ela passa uns tempos neste belo apartamento no terceiro andar de um prédio no Jardim Botânico. Da janela de sua sala iluminada, com paredes azul-mediterrâneo, vê-se o Cristo Redentor (que lindo). Se não está aqui, Anna Karina gosta de ficar numa casinha simples em Angra.
No bairro carioca ou na ilha, o que a cadela da raça eiredale, cor branco e marrom, prefere mesmo é a companhia de sua dona, a cineasta Susana Moraes. "O terceiro andar é bom para as coronárias, não?", diz Susana, abrindo a porta com uma mão e segurando Anna Karina com a outra. Ela fuma muito, usa seus cabelos grisalhos à escovinha e tem a voz rascante.
Batizou seus cães com os nomes do casal capital do cinema francês porque quase tudo é cinema na vida de Susana Moraes. Por exemplo: seu primeiro longa, "Mil e Uma", concluído este ano, já participou de pelo menos dez festivais –levou prêmio especial de júri em Gramado, melhor roteiro em Brasília e crítica elogiosa do jornal francês "Libération" em Veneza.
"Mil e Uma" estréia em fevereiro. É comédia ("não do tipo rá-rá-rá", diz) que junta Xerazade, Lewis Carroll e Marcel Duchamp. Agradou a quem já viu. Na parede da sala da cineasta, em retrato de Candido Portinari de 1938, o pai de Susana olha satisfeito. Belo e de olhos verdes, é Vinicius de Moraes.

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