São Paulo, segunda-feira, 19 de dezembro de 1994
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Pedro Collor é vítima de morte cerebral

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

Pedro Collor de Mello, 42, irmão do ex-presidente Fernando Collor e responsável pelo processo de denúncias que resultou no impeachment, teve ontem morte cerebral confirmada pelos médicos do Memorial Hospital, de Nova York.
A informação foi fornecida por Fernando de Lima, relações públicas do Plaza Hotel na cidade e amigo da família. Pedro estava nos Estados Unidos para se tratar de câncer no cérebro.
Pedro está sob os cuidados da equipe do médico Jerome Posner, chefe do Departamento de Neurologia do hospital.
Gravidade
Na quarta-feira, Pedro já havia perdido a fala e só se comunicava através de sinais. Na sexta, seu estado se agravou. Na madrugada de sábado, foi levado ao hospital Roosevelt, já inconsciente. Lá, com dificuldades para respirar, foi submetido a uma traqueostomia (incisão na traquéia) e transferido em seguida ao Memorial Hospital.
Pedro está num quarto do hospital, não na UTI, e se mantém respirando com a ajuda de aparelhos. Membros de sua família fazem hoje uma reunião para decidir se autorizam ou não o desligamento dos aparelhos.
Acompanham o paciente em Nova York sua mulher, Tereza, a sogra, Solange Lira, e o cunhado Eduardo Costa. Seus dois filhos, Vítor Afonso, 8, e Fernando Afonso, 11, estão em Maceió.
A última sessão de radioterapia ocorreu na quinta-feira. Nos últimos dias, Pedro foi enfraquecendo e só se movia em cadeira de rodas.
José Aparecido da Silva, funcionário do consulado do Brasil em Nova York, que presta assessoria à família "como amigo", disse à Folha que, na última conversa que manteve com Pedro, na semana passada, ele se mostrava muito confiante e dizia passar apenas por uma "má fase", da qual esperava sair sem maiores problemas.
Segundo Lima, os próprios médicos do Memorial Hospital ficaram surpresos com a evolução do quadro clínico de Pedro.
Leopoldo Collor, irmão que também estava brigado com Pedro e um dos alvos de suas denúncias, ligou anteontem à noite para se informar sobre seu estado de saúde. Falou com a mãe de Tereza.
O ex-presidente Collor, embora tenha manifestado em entrevistas o desejo de se encontrar com Pedro, não ligou para Nova York.
Pedro ficou sabendo ser portador de um tumor no cérebro no início de novembro.
Exames realizados no hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, mostraram a existência de nódulos cerebrais múltiplos.
No dia 24 de novembro, ele se transferiu para Nova York e vinha se submetendo, desde então, a radioterapia. Estava num apartamento de dois quartos, que pertence à jornalista Beliza Ribeiro.
Outro membro da família, Leda, mãe de Pedro, está internada há dois anos e dois meses no hospital Albert Einstein, em coma profundo.

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