São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 1994
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Clima ajuda e Paraná colhe 1,1 milhão de t

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O clima ajudou e o Paraná conseguiu uma média de 1.750 quilos/hectare na safra de trigo deste ano. Foi colhido 1,1 milhão de toneladas, em 650 mil hectares no Estado.
Otmar Hubner, coordenador do Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria de Agricultura do Paraná, diz que o ano foi bom para o trigo.
"A qualidade foi uma das melhores dos últimos anos", diz.
A média de PH do trigo paranaense esteve em 80 nesta safra, havendo regiões em que produtores conseguiram médias de PH de até 84.
PH significa peso hectolitro e serve para avaliar a qualidade do trigo.
Os números desta safra ainda estão distantes da safra 87/88, quando o país quase atingiu sua auto-suficiência na produção de trigo.
Naquela safra foi plantado no Paraná 1,95 milhão de hectares e colhidos 3,25 milhões de toneladas do produto.
Segundo Hubner, se o governo FHC não elaborar uma política que defenda a triticultura nacional, a área plantada deverá cair ainda mais em 95.
As cooperativas paranaenses querem ajuda do governo na disputa com os moinhos.
Os agricultores não estão conseguindo desovar seus estoques devido ao baixo preço de mercado (35% a menos que o preço mínimo do governo) e às facilidades encontradas pelos moinhos para importar trigo.
"O governo FHC tem que olhar com carinho para o trigo. Não podemos continuar sendo o patinho feio da agricultura nacional", diz Eliseu de Paula, presidente da Corol (Cooperativa Agrícola de Rolândia).
Segundo Paula, é um erro o governo continuar incentivando a importação de trigo com subsídios de países do Primeiro Mundo, desestimulando cada vez mais o produtor nacional.
José Aroldo Galassini, presidente da Coamo (Cooperativa Agrícola Mourãoense), de Campo Mourão (PR), afirma que é um "absurdo o governo financiar o plantio, a estocagem e deixar aberta a importação do trigo".
A Coamo, maior cooperativa do Brasil, recebeu nesta safra 192 mil toneladas de trigo, além de 42 mil toneladas estocadas da safra 93.
Galassini diz que a cooperativa tem ainda outros problemas com o trigo, como o custo dos estoques e a falta de espaço nos armazéns para a safra de verão, por culpa dos estoques do governo.
"A saída para o trigo nacional é a qualidade. Sem ela, não vamos conseguir competir com a eficiência dos nossos concorrentes", diz Celso Carlos dos Santos Júnior, da Cocamar.
A Cotriguaçu (Cooperativa Central Regional Iguaçu), de Cascavel (PR), resolveu apostar na qualidade do trigo nacional.
Durante a 15ª Expovel (Exposição Agropecuária de Cascavel), encerrada no último dia 11, a Cotriguaçu montou uma padaria para mostrar à população a qualidade do trigo nacional.
Procurados desde quarta-feira pela Folha, os assessores do Ministério da Fazenda na área de trigo não foram encontrados.

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