São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Equipe de FHC reúne paulistas e cariocas

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

A equipe econômica terá no governo FHC um expressivo ganho de qualidade com a entrada de José Serra (ministro do Planejamento), Francisco Lopes (diretor de Planejamento e Coordenação do Banco Central) e José Roberto Mendonça de Barros (secretário de Política Econômica).
Serra é uma excelente combinação de economista e político. Conhece muito bem orçamentos públicos. É a pessoa adequada para cuidar da reforma do setor público, incluindo a reforma tributária.
Duas vezes deputado federal, líder do PSDB, senador eleito, Serra integra a elite parlamentar e tem enorme capacidade de articulação no Congresso. O que será vital para a votação da reforma fiscal.
Francisco Lopes, da consultoria Macrométrica e professor da PUC-Rio, ganhará no Banco Central uma diretoria a ser especialmente criada para ele.
Diretor de Planejamento, Lopes não terá funções burocráticas e administrativas, mas será um dos principais formuladores de política econômica. Ele é um dos maiores especialistas em inflação e reforma monetária.
José Roberto Mendonça de Barros, da consultoria MBA Associados e professor da Faculdade da Economia da USP, levará para a equipe seu amplo conhecimento na área de agricultura. Era uma carência da equipe.
Com Pedro Malan na Fazenda, Pérsio Arida na presidência do Banco Central e Gustavo Franco mantido na diretoria de Assuntos Internacionais, o time está completo.
Lopes é do grupo dos "cariocas" Malan, Bacha, Franco e Arida. Serra e Mendonça de Barros são agora os"paulistas" da equipe. E é por aqui que podem surgir os problemas.
O empresariado paulista tem reclamado correções no Plano Real, especialmente na política cambial.
Esse empresariado fez "lobby" a favor de Serra, mas isso não significa, é claro, que o ministro será seu representante no governo.
Sabe-se, entretanto, que Serra tem restrições à política cambial. Ele acha que a equipe cometeu um erro ao deixar a cotação do dólar cair a R$ 0,85. Mas, com os demais membros da equipe, acha que, agora, uma rápida valorização teria efeitos inflacionários.
Há uma diferença. Os "cariocas" preferem uma abertura da economia mais rápida e mais completa. Os "paulistas" tendem a ser mais cautelosos.
É certo que, se FHC quiser mudar o Plano Real, o homem para isso será José Serra.

Texto Anterior: Lerner anuncia nomes do seu secretariado; PSDB quer impugnar diplomação de senador; Conflito interrompe demarcação de reserva
Próximo Texto: Eleito define forma de mudar Carta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.