São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994 |
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Diplomatas se opõem à indicação de Bresser
JOSIAS DE SOUZA; GILBERTO DIMENSTEIN JOSIAS DE SOUZADiretor-executivo da Sucursal de Brasília GILBERTO DIMENSTEIN Diretor da Sucursal de Brasília O nome do tucano Luiz Carlos Bresser Pereira foi muito mal recebido pela corporação dos diplomatas. O Itamaraty ficou surpreso com o convite de Fernando Henrique Cardoso. O próprio presidente eleito recolheu ontem, pelo telefone, manifestações de descontentamento. Esperava-se que indicasse para o posto de chanceler um diplomata de carreira. Antes do vazamento do convite a Bresser, comemorava-se no Ministério das Relações Exteriores a alta cotação de Luiz Felipe Lampréia, atual embaixador do Brasil na ONU, na Suíça. Bem antes da descoberta de que o nome de Lampréia estava em alta, festejava-se a possibilidade de escolha de Ronaldo Sardenberg, embaixador brasileiro na ONU, em Nova York (EUA). Sardenberg, porém, acabou alojado na chefia da Secretário de Assuntos Estratégicos. Desde então, os embaixadores de maior prestígio no Itamaraty davam como certa a opção por Lampréia. O principal argumento que os diplomatas esgrimem contra Bresser é o de que trata-se de uma pessoa estranha à área diplomática. Os protestos são feitos à moda do Itamaraty, uma Casa onde as divergências não ultrapassam o nível do porão. A cúpula do Itamaraty esperava muito de FHC. Dizia-se que, à época em que foi chanceler, o primeiro da gestão Itamar, demonstrou enorme respeito pela pasta. Daí a sensação generalizada de que confiaria a gerência da política externa a uma pessoa "do ramo". O burburinho não ficou restrito ao Itamaraty. Chegou à Bahia. Amigo de Paulo Tarso Flecha de Lima, embaixador do Brasil em Washington, o senador eleito Antônio Carlos Magalhães (PFL), foi um dos políticos que mais estranhou a escolha de Bresser, que considera inexpressivo. Diplomatas e políticos ficaram com a impressão de que o convite a Bresser foi uma espécie de prêmio pelo papel que desempenhou na campanha. Ele foi tesoureiro oficial do PSDB, um posto considerrado espinhoso. Texto Anterior: Orçamento deve ser votado Próximo Texto: Murros na mesa Índice |
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