São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994
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Tesoureiro de vice de FHC diz à PF que movimentou conta-fantasma

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

João Eduardo Rosas Monteiro, ex-tesoureiro das campanhas eleitorais do governador Joaquim Francisco (PFL-PE) e do senador Marco Maciel (PFL-PE), confessou que abriu uma conta fantasma a pedido do PFL.
A confissão foi feita no dia 18 do mês passado, em depoimento ao delegado Paulo Lacerda, da Polícia Federal, em Brasília. A Folha teve acesso ao depoimento.
O delegado, o mesmo do caso PC/Collor, indiciou o ex-tesoureiro do PFL pernambucano pelo crime de falsidade ideológica.
Ao depor, Monteiro ainda não tinha idéia da recente decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que condenou PC Farias, ex-tesoureiro da campanha de Collor, a sete anos de prisão.
Monteiro movimentava a conta conjunta de número 25245-2, na agência do Banco Itaú de Boa Viagem, em Recife.
Ele assinava pelo correntista fictício Carlos Souto. A sua mulher, Carmem Monteiro, era responsável pela assinatura da "fantasma" Ana Terra Soares.
A PF já recebeu do Banco Central o primeiro lote de informações sobre o movimento da conta do PFL, que captou recursos para o partido de 1988 até o ano passado.
Nesse período, ajudou a financiar as campanhas de Joaquim Francisco para o governo e de Marco Maciel para o Senado, em 1990. O PFL abriu nessa eleição um comitê unificado para as duas candidaturas.
A primeira acusação sobre a conta fantasma foi feita em setembro deste ano pelo comerciante Fábio Catão, ex-assessor do PFL de Pernambuco e ex-namorado de Cristina, filha de Maciel.
A PF abriu inquérito e tem confirmado todas as acusações. A conta recebeu, de fato, como disse Catão, dinheiro de PC Farias –responsável pelo menos por depósitos que somam US$ 800 mil.
Nesse caso, o próprio ex-tesoureiro de Collor havia revelado à Folha, ainda em 92, que abastecera a campanha de Joaquim Francisco, em 90.
Era um negócio de "fantasma" para "fantasma": das contas fictícias de PC para a conta movimentada por Eduardo Monteiro. Segundo o empresário alagoano, as transações eram feitas diretamente com o atual governador de Pernambuco. Ele isenta Maciel das negociações.
Os documentos enviados pelo Banco Central mostram que o próprio Catão recebeu recursos da conta-fantasma do PFL.
A PF já possui uma lista de cerca de cem empresas e pessoas que realizaram transações por intermédio da conta fantasma do partido.
Desde que foram publicadas as primeiras acusações sobre o dinheiro do PFL, Catão está desaparecido, informa a PF.
Maciel, vice-presidente eleito na chapa de Fernando Henrique Cardoso, nega que tenha sido beneficiado com arrecadação ilegal na campanha de 90.
Joaquim Francisco contesta PC Farias e os depósitos confirmados pela PF e disse que nunca recebeu dinheiro do empresário.

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