São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994
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Caminhão ajuda peixes a transpor barragem durante a piracema

ULISSES DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) está transportando peixes em caminhões para ajudá-los a superar a barragem da hidrelétrica de Primavera (790 km a oeste de São Paulo), no rio Paraná.
Peixes nobres como pintado, dourado e jaú não estão conseguindo transpor a barreira para chegar à nascente, área natural de desova. Visando amenizar o problema, a Cesp adotou um sistema de transposição, que inclui o transporte em caminhão.
Na época da piracema, de novembro a fevereiro, os peixes nadam centenas de quilômetros para desovar na cabeceira dos rios. Especialistas afirmam que, ao vencer as correntezas, onde há mais oxigênio, os peixes ativam seus hormônios para a desova.
A barragem da hidrelétrica, concluída em 1993, representa um obstáculo de 20 metros de altura. Este desnível deverá ser transposto pelos peixes com ajuda de uma escada que está sendo construída para funcionar em 1996.
Até lá, eles vão ter que subir uma escada metálica provisória que ajuda a vencer apenas sete metros da altura. Para superar os outros 13 metros, os peixes estão sendo colocados na caçamba de caminhões da Cesp, que percorrem 200 metros até despejá-los em um canal que chega ao leito do rio acima da barragem.
O ambientalista Djalma Weffort, presidente da Associação em Defesa do Rio Paraná, afirmou que a complicada operação não resolve o problema. "Os peixes vão continuar se chocando contra as paredes dos vertedouros, cuja vazão (18 mil litros por segundo) é superior à da escada (600 litros)."
Segundo Weffort, na piracema, os peixes procuram a área de maior turbulência da água, no caso, os escoadouros principais da barragem. Ele afirmou também que "os peixes que conseguirem transpor a escada, ficarão estressados com o sistema adotado das viagens em caminhões".
O biólogo João Henrique Pinheiro Dias, da Cesp, disse que o sistema tomou como base a escada implantada na hidrelétrica de Itaipu e foi aperfeiçoado por técnicos da empresa e da Universidade de Maringá (PR). "É uma solução provisória para minimizar o obstáculo que os peixes estão encontrando por causa da barragem".

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