São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994
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De Palma reconta 'Intocáveis'

INÁCIO ARAÚJO
DE PALMA RECONTA 'INTOCÁVEIS'

É mais difícil adaptar uma velha série de TV do que um romance. No caso de "Os Intocáveis" (Globo, 0h), era preciso afastar a um tempo a forte imagem em preto-e-branco da série e a lembrança de Robert Stack, o Eliot Ness original.
O essencial dos méritos desta transposição talvez se deva ao roteirista David Mamet, sólido construtor de situações abissais, aqui dedicado a reconstituir a gênese dos Intocáveis, a partir de um Eliot Ness sem recursos nem credibilidade, que aos poucos vai formando seu grupo de incorruptíveis.
Inútil dizer, o melhor encontro de Ness é com Sean Connery, soberbo como o guarda de rua Jim Malone, honesto e nunca reconhecido.
Brian De Palma dirige o filme com uma tocada que não lhe é comum, isto é, dando mais ênfase ao equilíbrio do conjunto do que a cada sequência em particular. Apenas ao tratar de Al Capone (De Niro), De Palma parece reencontrar seu estilo de choque.
É que Capone é um personagem a caráter para De Palma: um psicopata de completo. O inverso de Ness (Kevin Costner), o rei dos certinhos, que salva bebês no meio de um tiroteio, tem uma família exemplar etc.
O resultado é um filme que se equilibra em vários galhos e que, justamente por isso, reencontra De Palma pela diversidade dos investimentos: Ness, no início, Malone, em seguida, Capone, por vezes. Ainda que caia após a morte de Malone (numa cena belíssima), o equilíbrio do filme se impõe, graças ao talento incomum de De Palma, o fulgurante.
(IA)

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