São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 1994
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Autocrítica petista; Clube dos indignados; Todo poder aos professores; Novos liberais; Collor absolvido; Democracia social urgente!; Rio, beleza e turismo; Melhores votos

Autocrítica petista
"A Folha noticia com destaque na edição de 19/12 o livro que editamos recentemente sobre o Plano Real e a campanha eleitoral. A matéria do competente jornalista Fernando de Barros e Silva foi feita em geral com cuidado e de forma correta. No entanto, gostaríamos de registrar uma imprecisão importante, presente na manchete da matéria e na chamada de primeira página. Em nenhum momento cometemos a injustiça e a ingenuidade de identificar duas pessoas –Aloizio Mercadante e Maria da Conceição Tavares– como responsáveis pela derrota eleitoral, que se deveu a um conjunto complexo de circunstâncias e não apenas a erros de avaliação de economistas. O nosso intuito ao editarmos o livro não foi buscar culpados, mas sim discutir deficiências do debate econômico no PT, sem afirmar que uma melhor preparação do partido nesse campo teria sido, por si só, suficiente para garantir a vitória de Lula. Tudo foi feito em tom respeitoso, de forma construtiva e com a finalidade de contribuir para o aperfeiçoamento da discussão econômica, especialmente do Plano Real, tema que continuará a ocupar um lugar de destaque na agenda nacional."
Eduardo Matarazzo Suplicy, João Machado, Luiz Carlos Merege, Odilon Guedes e Paulo Nogueira Batista Jr. (São Paulo, SP)

Clube dos indignados
"Li a coluna de Luís Nassif de 19/12, mas confesso meu espanto com as críticas. Primeiro, não entendo que obrigação tenho de levantar a voz contra as posturas do ex-presidente da Telerj José de Castro. Não sou ombudsman da sociedade, não tenho coluna diária em jornal nem espaço cativo em TV. Se levantei a voz contra a absolvição do Collor no Supremo, foi por coerência. Fui dos primeiros a ser contra ele, quando todos apoiaram medidas absurdas como o confisco do dinheiro das contas bancárias e cadernetas de poupança. Bati tanto em Collor que cheguei a publicar um livro, 'Escritos Indignados', um conjunto de artigos publicados na imprensa contra os absurdos do ex-presidente. Por isso lancei minhas críticas contra a decisão do Supremo, o que poucos fizeram. Por fim, esclareço que não sou de nenhum clube. Sou um cidadão que exerce seu direito a voz. Se formos nos dividir em clubes, de qual Luís Nassif é sócio?"
Herbert de Souza, articulador nacional da Ação da Cidadania (Rio de Janeiro, RJ)

Resposta do colunista Luís Nassif – Caro Betinho: 1) escolher tema e lado contra os quais se indignar é hipocrisia de político militante, não de um referencial da sociedade como você. Principalmente quando o lado poupado é de seu aliado político. Qual é? A caixinha de nossos aliados lava mais branco? 2) Sou membro da sociedade civil desorganizada, clube que não dispõe de diretoria e de estatutos, e aceita sócios sem exigência de convite. Esse clube me permite exercitar minha indignação com um outro tipo de seletividade: mais com os vitoriosos do que com os derrotados.

Todo poder aos professores
"Gostaria de cumprimentar Otavio Frias Filho pelo artigo 'Todo poder aos professores' (17/11). A 'falsa' flexibilização da relação professor-aluno é extremamente prejudicial e precisa ser denunciada e estancada. Não se trata de tarefa simples. De uma forma ou de outra todos têm uma parcela de responsabilidade: diretores, professores, alunos e pais de alunos."
Luiz Alberto Machado, diretor cultural do Instituto Liberal de São Paulo (São Paulo, SP)

Novos liberais
"Parabenizo Otavio Frias Filho pela lúcida interpretação do recente desenvolvimento do neoliberalismo (8/12). Ironicamente, a própria 'nova direita' está plantando as sementes de um novo comunismo. É a obrigação de nós, que nos consideramos democratas liberais, de lutar contra o míope conservadorismo que toma posse do planeta. Nossos filhos e netos não merecem ser expostos a uma nova revolução francesa."
Hanns John Maier (Ubatuba, SP)

Collor absolvido
"Conquanto tenha sido o ex-presidente Collor o que mais se distanciou do sistema jurídico em vigor, com medidas casuísticas que foram, uma a uma, derrubadas nos tribunais, vemos agora sua decretação de inocência pela razão de um quadro probatório indigente de motivação à sua responsabilização. Disso tudo fica uma lição: ou se instala com urgência o Juizado de Instrução, ou se aparelha a Polícia Federal com uma infra-estrutura moderna e eficiente, que permita a busca dos indícios e a feitura de inquérito policial menos vazio de conteúdo, ou marcharemos rumo ao século 21 na certeza de que nada mudou absolutamente."
Yvette Kfouri Abrão (São Paulo, SP)

"Absolvição pelo Supremo Tribunal Federal é o atestado de idoneidade que todo político sonha possuir! O Congresso Nacional que cassou seu mandato sabe que cometeu uma injustiça e uma indignidade irreparável. O Congresso produziu um mártir. A nação aguarda a sua anistia!"
Moacyr Jacintho Ferreira (São Paulo, SP)

"Tenho acompanhado, através do Painel do Leitor, a indignação com a absolvição do ex-presidente Fernando Collor de Mello pelo Supremo Tribunal Federal. A essa indignação soma-se a descrença com as nossas instituições e, em especial, com a Justiça brasileira."
Elisabeto Ribeiro Gonçalves (Belo Horizonte, MG)

Democracia social urgente!
"Leitora Simone Victoria Montgomery Troula, gostaria que a sra., como também o leitor Aroldo Geraldo Silva Júnior, lesse minha carta publicada no dia 12/12 com o sugestivo título 'Dentro da lei'. O que me preocupa não é o surgimento, impossível até, de uma 'pastoral do estuprador', mas, sim, o que leitores como esses, que ficaram 'indignados' com meus comentários a respeito dos '14 tiros', defendem. Será a ditadura militar? Os esquadrões da morte? Os justiceiros? A violência pela violência? A pena de morte? Ou simplesmente o que propôs o juiz José Palai Rocha neste mesmo Painel do Leitor, o 'controle da natalidade nas classes menos favorecidas'? Seria esterilização em massa das mulheres de baixa renda? Não à pena de morte! Democracia social urgente!"
Luiz Carlos dos Santos, coordenador do Centro Pastoral de Orientação e Educação a Juventude (São Paulo, SP)

Rio, beleza e turismo
"Queremos, os brasileiros, que o Rio de Janeiro volte a ser a capital da beleza e do turismo, por via das bases que tão bem retratou o professor e economista Carlos Lessa em seu admirável artigo na Folha de 24/11."
Edgard S. Normanha (Campinas, SP)

Melhores votos
"Ao presidente eleito: em nome dos milhões que não dormem com o ronco da barriga vazia, dos anjinhos que nunca chegaram a balbuciar a palavra mãe, dos incontáveis seres que baixam à cova sem terem jamais aprendido sequer a soletrar o nome Brasil, da mulher-currupira e de todos os aleijões do Nordeste, em nome do progresso, do desenvolvimento, da modernidade (ou que outro nome tenha a coisa, desde que finalmente beneficie o povo), em nome do inestinguível Estado-Nação brasileiro, da velha amizade e da amável ibiunidade, receba os melhores votos de pleno êxito na dura missão."
Hugo Maia (São Paulo, SP)

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