São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994
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Cresce o otimismo entre os brasileiros

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil está mais confiante no Brasil. Apesar das mortes de ídolos como Ayrton Senna e Tom Jobim e da absolvição do ex-presidente Fernando Collor, o brasileiro considera que 1994 foi um bom ano para o país, com reflexos positivos na vida pessoal. E mais: crê que 1995 será ainda melhor.
É o que revela pesquisa do Datafolha, feita de 12 a 14 deste mês, com 14.151 pessoas, em 403 cidades do país. Pela pesquisa, o Brasil "tem jeito" para 79%.
Em abril passado, 71% dos entrevistados acreditavam no Brasil, e 18% diziam que o país "não tinha jeito". Hoje, apenas 13% integram o bloco dos pessimistas.
Segundo o antropólogo Roberto DaMatta, "o Plano Real e a continuidade do governo", que "visivelmente resultaram em lojas cheias", tiveram efeito peso-pesado na mudança da expectativa do brasileiro.
"Minha vida ficou bem melhor depois do Real. Consegui comprar mais coisas, comprei todas as cortinas da minha casa e ainda montei na garagem um barzinho", diz Mariana Ramos Gomes, 37, arrumadeira e salário de R$ 270 mensais. Ela mora em casa modesta na periferia sul de São Paulo.
Mariana, que votou no PT, integra o grupo de pessoas que ganha até cinco salários mínimos. Nesse grupo, o otimismo é grande: 77% apostam na melhoria de vida no país. Entre os mais ricos, a expectativa, claro, é ainda maior: 84% acham que o país é viável.
Pela pesquisa, nas regiões metropolitanas –mais desenvolvidas–, a confiança no futuro do país, ainda que elevada (76%), é menor que no interior (80%).
Por Estado, o Rio –que vive sob a intervenção do Exército– e Pernambuco concentram os mais descrentes, aqueles que acham que no Brasil nada dá certo.
Alexandra Neuber, 22, fotógrafa profissional, se encaixa em outro grupo da pesquisa –o dos jovens entre 16 e 24 anos, cuja esperança é grande. Para 83% deles, o Brasil "tem jeito". Entre os mais velhos (com mais de 60 anos), o otimismo cai para 77%.
"Votei em FHC. E está melhor. Apareceu mais trabalho, porque tem mais gente consumindo. Com mais gente consumindo, tem gente precisando fazer propaganda. E eu ganho fazendo as fotos", afirma.
As mulheres confiam menos que os homens no futuro do Brasil. O otimismo entre elas é de 74%. Entre os homens, é de 83%. "Nas camadas mais baixas, a mulher é quem controla o orçamento familiar. E ela tem um pé atrás", afirma DaMatta.
A vida pessoal da maioria dos entrevistados (58%) também foi melhor neste ano se comparada com 1993. Para apenas 19% foi pior. A avaliação positiva também se repete em relação ao Brasil: 51% acham que o país melhorou em 1994.
A direção do Datafolha é exercida pelos sociólogos Antônio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi, tendo como assistentes Mauro Francisco Paulino, Emília de Franco e a estatística Renata Nunes César

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