São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994
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Vendedora vai largar namorado em janeiro

AUGUSTO GAZIR
DA REPORTAGEM LOCAL

"Odeio Natal. Este ano nem montei árvore", diz a vendedora Eliete Brito. Ela já foi abandonada duas vezes logo depois do Natal.
Quando Eliete tinha 18 anos, seu namorado só esperou passar as festas para romper a relação.
"Ele já estava com outra. Passou o Natal na minha casa e me deu um tênis supercaro, acho que por causa da consciência pesada".
Depois do Natal de 93, Eliete, 24, levou outro fora, dessa vez do marido. "Tínhamos um ano de casados. Ele disse que não dava mais mesmo", conta.
Segundo Eliete, o marido viajou por três meses no início de 94, "pintou e bordou", voltou e pediu para reatar. Ela aceitou e os dois vão passar o Natal juntos de novo.
A vendedora Maila de Almeida, 20, só está esperando passar as festas para terminar um namoro de dois meses. "Não é por causa do presente, é para não ficar um Natal chato", diz Maila, que já tem outro namorado em vista.
Notícias de morte também devem ser evitadas no Natal, diz o administrador de empresas Antônio Abdala, 27.
Há quatro anos, ele escondeu da mãe a morte de um tio em Minas Gerais, por ser véspera de Natal.
"Só eu e meu pai sabíamos. Procuramos viver um clima natalino para dar um pouco de alegria à minha mãe. Trocamos até presentes", conta Abdala.
Orlando Zago, 56, assessor da presidência da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), não demite funcionários em véspera de Natal.
"Em mais de uma oportunidade, já adiei demissões e medidas drásticas contra funcionários para depois do Natal", diz Zago.
A presidente da Associação dos Oficiais de Justiça do Estado de São Paulo, Ivone Barreiros Moreira, 49, pede que seus associados não realizem ações de despejo e desocupação perto do Natal.
"A determinação processual tem que ser cumprida, mas na véspera do Natal a lei deve ser humanizada", diz Ivone.
Há quatro anos, o Natal levou Ivone a adiar a desocupação de um prédio inteiro na rua Maria Antônia (região central). "Seria muito duro para as pessoas."

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