São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994
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Apesar da crise, Bolsa promete lucro

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

As Bolsas de Valores despontam como a alternativa de investimento mais rentável para o próximo ano na opinião unânime dos analistas do mercado financeiro ouvidos pela Folha. No curto prazo, porém, há fatores de baixa pesando contra o mercado de ações.
O cenário desenhado pelos analistas é de inflação abaixo de 2% ao mês até o final do primeiro trimestre de 1995, o que significa juros nominais baixos.
Os contratos futuros da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) projetam juros de 3,80% em dezembro, 3,42% em janeiro e 2,97% em fevereiro no mercado interbancário, onde os bancos definem o custo do dinheiro por um dia com lastro em CDIs (Certificados de Depósitos Interbancários).
Na BM&F os contratos futuros de dólar comercial projetam cotações de R$ 0,856 no final deste mês (alta de 0,98%), de R$ 0,876 no fim de janeiro (valorização de 2,37%) e de R$ 0,890 ao final de fevereiro (ganho de 1,53%).
Essas cotações, porém, estão contaminadas pelas incertezas geradas com a crise cambial do México e pela demanda de moeda norte-americana típica de fim-de-ano. Isso significa que elas podem recuar à medida que os efeitos desses dois fatores sejam superados.
Ganho de 30%
"Com a estabilização da economia, a Bolsa de Valores será sem dúvida um bom investimento no longo prazo. Pela diversificação das carteiras, os fundos de ações são mais recomendáveis, principalmente para o pequeno e médio investidores", afirma Raul Pereira Barreto, vice-presidente do Banco Mercantil de São Paulo.
"Os preços das ações estão num bom patamar de compra depois das recentes baixas", diz Júlio Krauspenhar, diretor de investimentos do Banco Fibra, acrescentando que "o investidor que escolher bem o papel e comprar no momento certo poderá comemorar dentro de um ano ou até menos".
"A curva de lucros das empresas está em alta e o histórico das Bolsas de Valores nos últimos 20 anos mostrou que sempre há uma correlação entre os resultados e os preços das ações", observa Krauspenhar. Ou seja, mesmo com algum atraso, bons lucros sempre atraem investidores e valorizam os papéis das respectivas empresas.
"Os ativos reais vão ser a grande vedete dos investimentos no ano que vem e as Bolsas de Valores vão ocupar uma posição privilegiada" afirma Flávio Nolasco, economista-chefe da Brasilpar Administração de Recursos.
Ele acha que a fase de valorizações fantásticas de 80% a 90% reais, como ocorreu nos últimos dois anos, não deve se repetir. Mas considera factível uma rentabilidade anual em torno dos 30%. "É uma excelente taxa de retorno", pondera Nolasco.

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