São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bovespa tem queda de 18% em 5 meses

FIDEO MIYA

O risco de prejuízos nas Bolsas de Valores no curto prazo pode ser avaliado pelo desempenho do Índice Bovespa ao longo deste ano.
Do início de janeiro até sexta-feira passada, a valorização acumulada é de 1.059% (ou 38,1 % em reais, com a conversão do índice de janeiro em URV). Desde a entrada do real, a alta é de 20,1%. Do final de agosto até o pregão de sexta-feira, porém, a Bolsa paulista acumula perdas de 18,3%.
A hipótese de que as Bolsas de Valores continuem "andando de lado" até fevereiro, antes de retomar uma tendência consistente de alta, é considerada bastante provável pelo vice-presidente do Banco ABC-Roma, Alfredo Neves Penteado Moraes.
Na sua opinião, os principais fatores de baixa no curto prazo são a elevação dos juros nos EUA e a crise cambial mexicana, que tendem a desviar recursos dos investidores estrangeiros.
Esses fatores externos, explica Moraes, se conjugam com o efeito do aperto de liquidez do sistema bancário, que tem gerado constantes boatos de quebras de instituições financeiras.
Mais otimistas, os diretores da Fair Corretora de Câmbio e Valores, Alberto Alves Sobrinho, e Paulo Mallmann, do Banco BMC, apostam que os administradores deverão transferir os investimentos do México e da Argentina para o Brasil e Chile.
Mesmo assim, Sobrinho sugere que os investidores continuem mantendo uma parcela das suas aplicações em fundos de renda fixa.Sua avaliação é que, mesmo com a queda nominal das taxas de juros, a rentabilidade continuará sendo vantajosa em termos reais e as mudanças dos fundos que estão sendo preparadas pelo governo devem torná-los mais competitivos.
Raul Barreto, vice-presidente do Banco Mercantil de São Paulo, prevê que os juros reais vão se manter num patamar entre 15% e 19% ao ano, mesmo que as taxas nominais caiam, acompanhando a queda da inflação.
Ele ressalva, porém, que "espera-se mudanças na tributação que evitem sérias distorções nas aplicações financeiras". Caso isso não ocorra, diz Barreto, a Ufir trimestral fará com que as aplicações de janeiro sejam feitas com prazo de 90 dias, as de fevereiro com 60 e as de março com 30 dias, apenas para alcançar a virada do indexador e reduzir a tributação.

Texto Anterior: Apesar da crise, Bolsa promete lucro
Próximo Texto: Outra finalidade; Duplo embaraço; Ano que vem; Outro governo; Fim da turbulência; Mecanismo contestado; Outra leitura; A bordo; Novo nome
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.