São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994
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Chances surgem em situações inusitadas

JOSÉ VICENTE BERNARDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Há um ano, o engenheiro Reginaldo Appa, 47, não sabia se deveria ou não participar do tradicional jantar de fim de ano dos ex-alunos da faculdade.
Desde 1971, comparecia religiosamente a esses encontros. Em dezembro de 93, Appa não tinha vontade de rever os amigos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Motivo: estava sem emprego.
"Nessa condição, é difícil a gente encontrar colegas realizados. O sucesso é sempre o principal assunto", justifica.
Quem o convenceu a ir foi o consultor José Augusto Minarelli, que o ajudava na busca por uma nova colocação no mercado.
"Achava importante ele ir à festa sem qualquer constrangimento. O ambiente era ideal para ele contar a todos que estava disponível", conta Minarelli.
"À mesa, um colega disse que precisava de um profissional de recursos humanos e pediu que eu o procurasse. Achei que ele estava querendo ser gentil", diz Appa –que é pós-graduado em administração de pessoal. Dias depois, o colega telefonou. "Como é, você não disse que ia passar aqui?"
"Aí eu vi que era para valer", conta o engenheiro, que foi contratado como gerente de RH pela indústria química Elekeiroz.
"Estou feliz. Tenho motivação, um ótimo ambiente de trabalho, autonomia e participação nas decisões da empresa."
Profissionais liberais também têm nas festas um grande filão. A arquiteta Mônica Garcia, 32, sócia da MMM Arquitetura, calcula que 30% dos contratos surgem em jantares, clubes e até na praia.
No Carnaval, na praia de Guaecá (litoral norte de São Paulo), Mônica foi apresentada a um dos donos da rede de restaurantes Via Pasta. Acabou sendo contratada para tocar três grandes projetos.
"Temos que circular, ir a festas, coquetéis, lançamentos, inaugurações, e distribuir muitos cartões", ensina Mônica.
Até um casual bate-papo com vizinhos pode reservar surpresas. Quando se formou em direito, Branca L. Facciolla, 30, ficou aflita com seu futuro profissional. "Não tinha nenhum emprego em vista e ninguém da família é advogado."
Conversando com a vizinha Eliana Cáceres –elas moram há seis anos no Jardim Paulistano (zona sul de São Paulo)–, Branca ficou sabendo que um amigo de Eliana era dono de um escritório de advocacia.
"Trabalhei com ele durante dois anos. Hoje tenho meu próprio escritório", comemora Branca. E a vizinha, diz ela, tornou-se sua "conselheira profissional".
(JVB)

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