São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994
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Tênis tcheco encerra ciclo com Lendl e Navratilova

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ano de 1994 encerra a série de coincidências que marcou a carreira dos tenistas Ivan Lendl e Martina Navratilova.
A última delas veio no dia 20 passado, quando Lendl, 34, anunciou que estava se retirando das quadras, mesmo comunicado que fez Martina, 38, em novembro desta temporada.
Ambos os tenistas, que tiveram os anos 80 como os mais vitoriosos de suas carreiras, mostraram melancolia ao se aposentar.
Lendl disse que aquele era um "momento muito triste".
"Minhas condições físicas não deixaram outra opção", afirmou o tenista, que abandonou o esporte devido a uma espécie de síndrome degenerativa nas juntas das costas.
"Será que alguém me dará atenção daqui por diante? Ou todo mundo vai desaparecer?", questionava-se Navratilova, por sua vez, ao se aposentar.
Diferentemente de Lendl, porém, Martina deixou as quadras porque achou que este era o momento mais adequado para encerrar uma carreira vitoriosa.
As vitórias, aliás, são outro ponto comum na vida dos dois tenistas, que estiveram entre os "top 10" durante toda a década de 80.
Chegaram, ainda, ao primeiro lugar do ranking. Martina atingiu o topo pela primeira vez em 10 de julho de 1978. Lendl, em 28 de fevereiro de 1983.
Há mais coincidências.
Martina Navratilova e Ivan Lendl nasceram no mesmo país, a hoje dividida Tchecoslováquia.
Lá, os dois começaram a praticar tênis, mas, sem condições de prosperar –Martina, por exemplo, tinha de entregar os prêmios que recebia à Federação Tcheca–, foram para os EUA.
Naquele país, ambos adquiriram cidadania norte-americana. Navratilova, em 1981. Lendl, em 1992. Os dois num mês de julho.
Também nos EUA, veio a prosperidade. Cada um deles acumulou fortuna de mais de US$ 20 milhões só em prêmios, sem contar contratos de publicidade ou outros ganhos extraquadra.
É verdade que os dois serão ultrapassados. Os atuais líderes do ranking, a alemã Steffi Graf, 25, e o norte-americano Pete Sampras, 23, já batem na casa dos US$ 15 milhões em prêmios cada –e têm muitos anos de carreira pela frente.
Se cabe às novas gerações superarem as precedentes, do mesmo modo elas aproveitam as lições que lhes foram deixadas.
O atual sucesso de Sampras e Graf deve-se muito ao trabalho de Lendl e Martina, precursores do tênis de força hoje predominante.
Ela, que no início da carreira foi chamada de "gorducha", acumulou os músculos necessários para vencer por nove anos nas quadras de grama de Wimbledon.
Ele, famoso pelo saque e passadas potentes, ficou conhecido como "Ivan, o terrível".

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