São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994
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Ásia Central busca o capitalismo

JAIME SPITZCOVSKY
ENVIADO ESPECIAL À ÁSIA CENTRAL

As repúblicas ex-soviéticas da Ásia Central, hoje livres da tutela russa, trilham caminhos capitalistas com planos de se transformarem num rico Kuait ou em novos "tigres", economias se desenvolvendo como na Coréia do Sul.
O Cazaquistão, por exemplo, busca atrair investidores estrangeiros com incentivos fiscais e reservas de petróleo, ouro e gás natural.
Quando o império soviético desmoronou, em 1991, o Ocidente se assustou com o surgimento de cinco países muçulmanos.
Estrategistas políticos calculavam que o fundamentalismo islâmico contava então com novas fronteiras para se expandir.
Mas, em vez de mesquitas, são as empresas mistas que proliferam com mais velocidade nessas economias que se esforçam para apagar marcas do passado soviético.
O Cazaquistão já contabiliza mais de 300 joint ventures apenas em parceria com os chineses.
Estes, donos da economia que mais cresce no planeta e candidatos a serem a maior potência econômica do mundo no próximo século, oferecem tecnologia e capital aos vizinhos que antes navegavam na esfera de influência russa.
Entre estes países com nomes exóticos, o Cazaquistão se apresenta como aquele com maior potencial econômico. O país oferece um território vasto, coalhado de oportunidades de negócios.
Também seduzem os investidores a mão-de-obra qualificada, a estabilidade política e a desprezível influência da religião.
Mas o desafio cazaque ainda está longe de garantir o acesso ao paraíso capitalista. Ao desembarcar em Alma-Ata, a capital, o visitante recebe um formulário para declarar o dinheiro que traz, num vestígio da burocracia soviética.
Depois, vem a precariedade da atual rede hoteleira, desequipada para servir uma cidade com aspirações de ser o centro econômico de toda a Ásia Central.
Os problemas de infra-estrutura não impediram que os americanos abocanhassem a maior fatia dos investimentos.
A companhia Chevron, por exemplo, já injetou US$ 20 bilhões em exploração de petróleo na região oeste do Cazaquistão.
Encravado no continente asiático, esse grupo de países busca caminhos para escoar sua produção.
O Quirguistão já trabalha para a ampliação de uma rodovia que vai ligar a sua capital, Bishkek, ao porto paquistanês de Karachi, passando por terras chinesas.
O Turcomenistão e o Japão também conspiram para se unirem através de um gasoduto.
No Uzbequistão, os sul-coreanos constróem uma fábrica da Daewoo, que deverá produzir 180 mil carros por ano.
Um dos últimos mercados em expansão para a indústria de tabaco, o Cazaquistão no ano passado vendeu 88% de sua fábrica Almaty Tobacco à Philip Morris, que produz 12 bilhões de cigarros por ano.
Na lista de empreendimentos nas novas paragens capitalistas, o Canadá roubou o primeiro lugar entre investidores no Quirguistão. A empresa Cameco gasta US$ 330 milhões para explorar a quinta maior mina de ouro do mundo.

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Leia mais sobre a Ásia Central às págs. 2 e 4.

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