São Paulo, quarta-feira, 28 de dezembro de 1994 |
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Padres são assassinados a tiros na Argélia
ANDRÉ FONTENELLE
Os padres, membros da ordem católica dos Missionários da África, foram mortos a tiros no presbitério onde moravam, no centro de Tizi-Ouzou (110 km a leste de Argel). A autoria dos assassinatos não foi reivindicada. Eles elevam a 76 o número de estrangeiros mortos na Argélia desde setembro de 93. Desse total, 26 são franceses. Este ano, oito religiosos foram assassinados no país africano. Alain Dieulangarde, 75, Jean Chevillard, 69, e Louis-Christian Chessel, 36, eram franceses. Charles Deckers, 36, tinha dupla nacionalidade, belga e argelina. Eles foram metralhados por um grupo que carregava fuzis de caça e armas automáticas. A chacina parece ser uma represália dos radicais muçulmanos pelo fracasso do sequestro do avião da Air France, anteontem. Um grupo de elite da polícia francesa invadiu o avião e matou os quatro sequestradores, no aeroporto de Marselha (sul da França). A intenção dos grupos radicais muçulmanos seria dar uma demonstração de força um dia depois do sequestro. A Argélia vive uma guerra civil não-declarada desde 1992, quando o governo cancelou as eleições legislativas para impedir a vitória dos fundamentalistas. Deterioração O presidente da França, François Mitterrand, qualificou o assassinato dos padres de "odioso". O primeiro-ministro argelino, Mokdad Sifi, também condenou o atentado. Ele se recusou, no entanto, a comentar a deterioração das relações entre Paris e Argel. A França, maior aliada do regime argelino, se inquieta quanto à segurança dos franceses na Argélia (leia texto nesta página). O governo francês suspendeu a ligação aérea e marítima entre os dois países feita por companhias francesas. A incapacidade das autoridades argelinas para lidar com o sequestro do avião piorou as coisas. A crise, que começou em Argel, só foi resolvida em Marselha. Missionários Entre os missionários católicos, o assassinato dos padres causou incredulidade. Eles eram populares na região e não se precaviam contra atentados. Embora não tivessem recebido ameaças de morte, os missionários mais idosos já haviam deixado a Argélia. Restavam no país 34 membros da ordem. "Penso em como podem viver os nossos colegas que estão na Argélia e no povo argelino, que deseja viver em paz", disse o padre François Richard, representante da ordem em Paris. A ordem dos Missionários da África foi criada em 1868, na Argélia, pelo cardeal Charles Lavigerie, arcebispo de Argel. Ela tem cerca de 2.200 membros e trabalha em 23 países da África, colaborando com o clero local. A França contribui com um quarto do total de missionários. Texto Anterior: Rússia fere filho do líder tchetcheno Próximo Texto: Terroristas planejavam um ataque kamikaze Índice |
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