São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 1994
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Conta que 'exporta' dólar deve perder sigilo

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Receita Federal quer quebrar o sigilo bancário de todas as contas usadas pelos estrangeiros residentes no país para remessa de dólares ao exterior, as chamadas CC5. Essas contas se transformaram em um dos principais canais de remessa ilegal de divisas ao exterior.
Segundo a CEI (Comissão Especial de Investigação), de 1990 a 93 essas remessas chegaram a US$ 23 bilhões. As CC5 foram criadas pelo Banco Central para permitir aos estrangeiros residentes no país receberem e enviarem ao exterior moedas estrangeiras.
Só que o sistema foi desvirtuado, passando a servir como um dos principais canais de remessa ilegal de dólares para fora.
Já existe um parecer da Receita Federal e do Banco Central excluindo da proteção do sigilo fiscal e bancário as remessas de divisas ao exterior. Por enquanto, o governo ainda não decidiu se o nome desses contribuintes com irregularidades serão tornados públicos.
Um controle maior das CC5 está em estudo na Receita e no Banco Central, dentro do projeto de lei que pretende reduzir o volume de remessas ilegais de dólares ao exterior. O objetivo do governo é limitar a sonegação do Imposto de Renda cobrado nessa operações – entre 15% e 25%.
Detalhes
Uma das idéias é aperfeiçoar o sistema atual e exigir mais detalhes que possam identificar melhor o depositante e o destinatário de todos os depósitos com valor acima de US$ 10 mil feitos nessas contas. Isso permitiria ao governo saber a origem e o destino das movimentações nas CC5.
Invetigações já realizadas pela Inteligência Fiscal da Receita e pela Polícia Federal constataram que a maioria das CC5 não é movimentada pelos titulares.
Ou seja, quem abre a conta serve apenas de "laranja" para o envio ao exterior de dinheiro ilícito obtido com narcotráfico, contrabando, entre outros crimes. O esquema PC usou esse caminho para mandar dinheiro ao exterior.
O relatório da CEI diz que "a complexidade da organização da economia contemporânea e normas administrativas conseguem transformar em formas de evasão recursos advindos da corrupção".

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