São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 1994
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Vice teme o colapso financeiro de São Paulo a partir de março

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O governo Mário Covas está trabalhando com a possibilidade de faltar dinheiro para o custeio da administração paulista a partir de março de 1995.
A afirmação foi feita em Bauru (345 km a noroeste de SP), anteontem à noite, pelo vice-governador eleito, Geraldo Alckmin.
Alckmin disse que, se isso ocorrer, faltarão recursos para pagar o funcionalismo, para as obras públicas e para a manter os hospitais e a merenda escolar.
Alckmin afirmou que o custeio do Estado é feito com a receita do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
A Agência Folha apurou que em novembro o Estado teria arrecadado mais de US$ 700 milhões com o ICMS.
"Se em março não houver um crescimento grande do ICMS, o ICMS quase inteiro vai ser comprometido com a folha de salários", disse Alckmin.
Ele afirmou que o governo Mário Covas, que assume no dia 1º de janeiro, vai adotar "um conjunto de medidas drásticas".
Segundo Alckmin, essas medidas teriam o objetivo de reduzir as despesas do governo do Estado imediatamente. A primeira dessas medidas seria a extinção do Baneser (empresa ligada ao Banespa), que é apontado como um "cabide de emprego".
Alckmin afirmou que a recomposição salarial do funcionalismo público vai depender do saneamento das dívidas do Estado.
"Na medida do possível é que o governo vai recompor as perdas salariais", declarou. O vice-governador eleito acusou o governo de Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB) de ter feito despesas de "forma irresponsável".
Segundo ele, essas despesas já acarretarão acréscimos nos gastos durante os três primeiros meses do próximo ano.
"Nunca se viu em São Paulo uma irresponsabilidade no trato da coisa pública em todos os setores", afirmou Alckmin.
Para ele, o futuro governo vai ter de renegociar as dívidas que serão herdadas das administrações Orestes Quércia e Fleury.
"Só a dívida do Banespa chega a R$ 8 bilhões. Para empreiteiras e fornecedores, ela chega a R$ 3 bilhões", afirmou Alckmin.
Segundo o vice-governador eleito, 400 obras iniciadas na gestão de Fleury atualmente se encontram paradas.

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