São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 1994
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Telesp compra celulares sem concorrência

ELVIRA LOBATO
DA REPORTGEM LOCAL

A Telesp vai encomendar 150 mil telefones celulares para a cidade de São Paulo, sem concorrência pública. Segundo o presidente da estatal, Waldemar Neves, a compra será em regime de urgência.
Neves disse que a dispensa de licitação foi aprovada pelo presidente eleito Fernando Henrique Cardoso e por Itamar Franco. O valor do contrato será de cerca de US$ 230 milhões.
O presidente da Telesp disse que soube da aprovação através do ministro das Comunicações, Djalma Morais. "Ele nos deu a notícia na sexta-feira passada, quando se reuniu com nossa diretoria em São Paulo", afirmou.
Segundo Waldemar Neves, a existência de uma fila de 680 mil inscritos para a compra de telefone celular configura uma situação de emergência na capital paulista.
O contrato extra será assinado com a NEC do Brasil que, em dezembro de 1992, venceu a concorrência para o fornecimento dos primeiros 300 mil telefones celulares para a cidade de São Paulo.
Por decisão da Telesp, a NEC vai subcontratar a norte-americana AT&T para instalar 120 pequenas antenas (chamadas microcélulas) para ampliar a capacidade de atendimento em vários pontos da cidade que estão congestionados, como as avenidas Paulista, Rebouças e Consolação.
O sistema celular de São Paulo foi inaugurado em agosto do ano passado e 150 mil aparelhos estão em funcionamento. Os outros 150 mil previstos na concorrência já estão sendo fabricados.
Com a contratação extra anunciada ontem, a estatal pretende instalar um total de 300 mil aparelhos no primeiro semestre de 95.
Segundo a estatal, não há similar no mundo para o crescimento da procura por telefone celular verificado na cidade de São Paulo. No final de novembro, a empresa suspendeu as inscrições.
A explosão da procura por celulares em São Paulo trouxe problemas técnicos e políticos para o sistema Telebrás. Os problemas técnicos surgiram com o rápido esgotamento do sistema em São Paulo.
O sistema analógico, implantado em todo o país, se mostrou insuficiente para atender uma cidade com tal concentração de edifícios.
A primeira solução imaginada pela Telebrás para resolver o problema em São Paulo foi implantar um sistema digital (com capacidade 20 vezes maior do que a analógica) que ainda está em testes nos Estados Unidos, chamado CDMA.
A escolha provocou protestos de várias indústrias mundiais de telecomunicação, que defendem outra tecnologia, a TDMA. Ela tem menor capacidade (seis vezes a da analógica), mas está em uso comercial na Europa, Japão e EUA.
Acuada pelas críticas dos fabricantes, a Telesp propôs um passo ainda mais arriscado: ocupar as frequências de telefonia celular, que estão reservadas para exploração privada, quando ocorrer a quebra do monopólio estatal.
A abertura do mercado para concorrência privada foi suspensa pela Justiça há três anos. A Telesp sugeriu ocupar as frequências até que fosse resolvida a polêmica sobre a tecnologia digital, mas desitiu. "Não há condição política", admitiu ontem à Folha seu presidente, Waldemar Neves.
Novo serviço
A Andrade Gutierrez Telecomunicações (subsidiária da Construtora Andrade Gutierrez) e a norte-americana Unisys, fabricante de computadores, inauguram, no próximo dia 8, o primeiro serviço privado de correio de voz em São Paulo, chamado Message.
O serviço funciona como uma secretária eletrônica e cada assinante terá um número exclusivo para receber recados.
A mensalidade custará entre R$ 7,00 e R$ 10,00. O mercado para este serviço em São Paulo é estimado em US$ 60 milhões por ano.

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